Biologicamente Vivo!!!

Friday, March 23, 2007


DECO acusa médicos de prescreverem antibióticos sem necessidade

Ordem Médicos recusa acusação
A associação para a defesa do consumidor DECO acusou os médicos de prescreverem antibióticos sem necessidade e as farmácias de os venderem sem prescrição. O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Pedro Nunes, recusou qualquer acusação de incompetência dos Médicos de Família. A conclusão do estudo da DECO vem publicada na edição de Abril da Teste Saúde e é baseado em visitas de colaboradores da associação a várias clínicas, centros de saúde e farmácias. Foram visitados 58 consultórios privados e nove centros de saúde, onde os colaboradores se queixaram de dores de garganta e um ligeiro incómodo ao engolir, apesar de estarem saudáveis. Em 37 casos, diz a DECO, os profissionais prescreveram antibióticos desnecessariamente: Seis desses médicos sublinharam que o medicamento só devia ser aviado se o problema se agravasse, mas a maioria prescreveu espontaneamente os medicamentos. Face a estes números, Pedro Nunes "não aceita que se ponha em causa a qualidade" de médicos que "sabem o que fazem", ressalvando, porém, que as condições de organização obrigam ao exercício de uma "medicina mais defensiva". "Os médicos recorrem frequentemente a medicamentos de espectro mais largo, para combater o maior número possível de bactérias, porque não conseguem acompanhar todos os dias os pacientes e têm medo que uma terapêutica menos agressiva falhe", salientou. Em 90 farmácias, a Teste Saúde registou oito estabelecimentos que venderam os antibióticos sem receita médica.

Antiviral Tamiflu pode causar efeitos psíquicos secundários

Coreia do Sul lança alerta
As autoridades da Coreia do Sul anunciaram esta semana que estão a preparar um alerta aos profissionais de saúde sobre os possíveis efeitos secundários de ordem psíquica do Tamiflu, um medicamento contra a Gripe também disponível em Portugal. "Prevemos publicar um alerta específico aos médicos e aos farmacêuticos advertindo-os para informações recentes de suicídios e comportamentos estranhos de pacientes que tomaram o medicamento", afirmou Shin Joon-soo, um responsável da agência sul-coreana de controlo dos medicamentos e alimentos. As autoridades nipónicas lançaram na quarta-feira um alerta contra a prescrição deste antiviral a adolescentes, na sequência de uma crescente inquietação sobre o risco de efeitos psíquicos secundários do medicamento. A 27 de Fevereiro, um rapaz de 14 anos medicado com Tamiflu suicidou-se ao atirar-se de um 11º andar em Sendai, no norte do Japão, seguindo o exemplo de uma rapariga da mesma idade que estava a tomar o mesmo medicamento e se lançou igualmente do alto de um edifício no centro do país. O laboratório Roche, que produz o Tamiflu, garante no seu site na Internet a inocuidade psiquiátrica do medicamento e rejeita qualquer ligação entre a toma do mesmo e os suicídios noticiados. A FDA, a agência reguladora dos medicamentos e alimentos nos EUA, concluiu no ano passado não existir nenhuma prova que permitisse associar a toma de Tamiflu às mortes de pacientes no Japão. De acordo com o site do instituto que regula o comércio de medicamentos em Portugal (INFARMED), o Tamiflu (Oseltamivir) está à venda nas farmácias portugueses desde Junho de 2002, a um preço tabelado de 25,17 euros, mas até à data não existe registo de casos de reacções psíquicas.
HIV modificado e tratamento pré-natal para Fibrose QuísticaEstudo da University College of London
Uma versão do vírus HIV modificado e inactivo poderá tornar-se na base de um novo tratamento genético pré-natal para a Fibrose Quística, segundo especialistas britânicos que efectuaram estudos em ratinhos. Cientistas britânicos acreditam que o vírus da Sida inactivado pode ser manipulado para ter a capacidade de transportar cópias do gene que, quando falha, causa a Fibrose Quística, deficiência que atinge principalmente os pulmões e o trato digestivo.
Um artigo publicado pelo jornal britânico "The Times"; dá conta de diversos testes realizados por uma equipa de cientistas da University College of London (UCL), os quais trabalham na modificação do HIV com o intuito de levar até ao pulmão do feto o material genético necessário para corrigir a doença. Caso fique comprovado que funciona, o tratamento em questão poderá ter grandes vantagens sobre outros semelhantes, que só podem ser aplicados após o nascimento da criança, quando já pode ser muito tarde para tirar benefícios do tratamento.
O tratamento genético fetal também apresenta a vantagem de do sistema imunitário do feto ter uma menor probabilidade de rejeitar o vírus modificado, quando comparado com crianças e adultos.

Alergia a.. beijos

Beijo pode provocar alergia nos lábios de pessoas sensíveis a fármacos
Se pensa que a frase «sou alérgico a beijos» só serve para pôr a milhas os pretendentes com quem não quer nenhum contacto físico, está muito enganado. É que, segundo um estudo italiano, as pessoas com certos tipos de alergias podem mesmo reagir aos beijos dos companheiros. A equipa de Gennaro Liccardi, médico do Hospital Cardarelli, em Nápoles, Itália, relatou uma história curiosa na edição de 11 de Maio da revista médica
The Lancet. Liccardi refere ter atendido um casal que depois de uma noite de amor, a mulher desencadeou sintomas alérgicos, tais como comichão e inchaço na pele. Depois da análise, os médicos conseguiram identificar o responsável disto tudo: o beijo. Ou seja, o marido estava a tomar um medicamento que provocou a reacção alérgica na companheira e o veículo de transmissão foi mesmo o beijo. Embora possa parecer um pouco exagerado, se é sensível a fármacos ou alimentos, o melhor mesmo é antes daquele beijo ardente perguntar ao seu namorado o que está a tomar ou até o que comeu ao jantar. A equipa de especialistas observou que o contacto boca-a-boca pode causar uma reacção alérgica em pessoas sensíveis a certos alimentos, caso o parceiro os tenha consumido recentemente. Em teoria, os médicos já sabiam da probabilidade deste problema, mas, até ao momento, não conheciam nenhum relato de alergia a um fármaco induzida pelo beijo. De acordo com os especialistas, há alguns anos, a mulher já tinha apresentado uma reacção semelhante, depois de tomar o antibiótico bacampicilina. Desta última vez, foi o marido quem tomou o medicamento. Cerca de 30 minutos depois de fazerem amor, a mulher, relatam os médicos, desencadeou uma reacção alérgica que lhe provocou comichão e inchaço nos lábios. A equipa de Liccardi concluiu que os beijos foram a causa da alergia, já que o marido tomou o bacampicilina duas horas antes de a ter beijado.


"Guia para um seropositivo de sucesso

"Revista nas bancas a partir de segunda-feira
Dois testemunhos de seropositivos que relatam as suas histórias de sucesso integram o número especial da revista Con(tacto) da Associação Espaço T, que estará nas bancas no início da próxima semana e funcionará como um guia. Intitulada "Ser o Positivo - Guia para um seropositivo de sucesso", a nova edição da Con(tacto) é o resultado de um ano de trabalho, financiado pela Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS), explicou à Lusa o presidente da associação Espaço T e responsável pela publicação, Jorge Oliveira. Este número reunirá também a contribuição de especialistas das várias áreas que influenciam a qualidade de vida destes doentes, entre os quais Rui Nunes, professor de Bioética da Faculdade de Medicina do Porto, Maria Carrilho, Obstetra do Hospital de Gaia, Beatriz Casais, da CNLCS, e Edgar Correia, Psicólogo Clínico do Serviço de Infecciologia do Hospital Garcia da Horta, entre outros. A revista, que terá uma edição de 3.500 exemplares e custará, em papel, cinco euros, estará disponível a partir da próxima semana em todo o país. Cerca de mil exemplares serão oferecidos à ACAPO - Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal. Fundada em 1994, no Porto, a Espaço t - Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária - é uma instituição de apoio a minorias sociais desfavorecidas e marginalizadas.


Preservativo invisível»

Novo gel contraceptivo previne transmissão de Sida e Herpes
Há muito que se deseja uma forma de evitar as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) sem que para isso se tenha que usar obrigatoriamente o preservativo. Agora, parece que esse anseio se pode transformar numa realidade há muito esperada. Um laboratório canadiano está a desenvolver um «preservativo invisível» que terá como função primordial a prevenção de doenças transmissíveis como a Sida e os herpes, afirmou um grupo de cientistas canadianos. «Este é um gel que actua como barreira e temos já provas em como é um produto eficiente para prevenir o vírus HIV e os herpes, outro problema sexual muito frequente», afirmou o autora do estudo Jocelyne Piret, da Universidade Laval, Canadá. No relatório publicado em Agosto, numa revista da especialidade, os investigadores contaram que o gel actua como uma barreira física bloqueando o vírus, não permitindo que infecte outras células, uma vez que o gel contem substâncias que destroem os micróbios. Menos tóxico Para além de prevenir a transmissão das doenças, o produto funciona também como contraceptivo. Uma das questões que os investigadores estão a levar em conta é que o produto possa ser menos tóxico que outros semelhantes já existentes no mercado, uma vez que foi relatado que as substâncias nele contidas eram demasiado tóxicas e com o uso frequente irritam a vagina. O produto pode ser aplicado, na forma líquida, na área vaginal com um aplicador o qual, através do calor do corpo, se transforma em gel. Em laboratório, o gel mostrou a sua eficácia durante seis horas após a aplicação. As investigações deste novo gel estão prestes a ser concluídas, por isso em breve estará disponível no mercado.
SISTEMA IMUNITÁRIO
O sistema imunitário (também conhecido como sistema imunológico) compreende todos os mecanismos pelos quais um organismo multicelular se defende de invasores internos, como
bactérias, vírus ou parasitas.
Existem dois tipos de mecanismos de defesa: os inatos ou não específicos, como a protecção da
pele, a acidez gástrica, as células fagocitárias ou a segregação de lágrimas; e o sistema imunitário adaptativo, como a acção direccionada dos linfócitos e a sua produção de anticorpos específicos.






Mecanismos inatos não específicos
O sistema inato é composto por todos os mecanismos que defendem o organismo de forma não específica, contra um invasor, respondendo da mesma forma, qualquer que ele seja. Constituem as estratégias de defesa mais antigas, sendo algumas destas formas encontradas nos seres multicelulares mais primitivos, nas plantas e fungos.

Barreiras físicas
A pele é a principal barreira. A sua superfície lipofílica é constituída de células mortas ricas em queratina, uma proteína fibrilar, que impede a entrada de microorganismos. As secreções ligeiramente ácidas e lípidicas das glândulas sebácea e sudorípara, criam um microambiente cutâneo hostil ao crescimento excessivo de bactérias.
O ácido gástrico é uma poderosa defesa contra a invasão por bactérias do intestino. Poucas espécies são capazes de resistir ao baixo pH e enzimas destruidoras que existem no estômago.
A saliva e as lágrimas contêm enzimas bactericidas, como a lisozima, que destroem a parede celular das bactérias.
No intestino, as numerosas bactérias da flora normal, competem com potenciais patogénios por comida e locais de fixação, diminuindo a probabilidade de estes últimos se multiplicarem em número suficiente para causar uma doença. É por isso que o consumo de demasiados antibióticos orais pode levar à depleção da flora benigna normal do intestino. Com cessação do tratamento, espécies perigosas podem multiplicar-se sem competição, causando, posteriomente, diversas doenças.
O muco é outra defesa, revestindo as mucosas. Ele sequestra e inibe a mobilidade dos corpos invasores, sendo a sua composição hostil para muitos microorganismos. Além disso, contém anticorpos do tipo IgA.


Fagócitos
Os fagócitos são as células, como neutrófilos e macrófagos, que têm a capacidade de estender porções celulares (pseudópodes) de forma direccionada, englobando uma partícula ou microorganismo estranho. Este microrganismo é contido num vacúolo, o fagossoma, que depois é fundido com lisossomas, vacúolos ricos em enzimas e ácidos, que digerem a partícula ou organismo. Os fagócitos reagem a citocinas produzidas pelos linfócitos, mas também fagocitam, ainda que menos eficazmente, de forma autónoma sem qualquer estimulação. Naturalmente esta forma de defesa é importante contra infecções bacterianas, já que vírus são demasiado pequenos e a maioria dos parasitas demasiado grandes para serem fagocitados. A fagocitose também é importante na limpeza dos detritos celulares após infecção ou outro processo que leve a morte celular nos tecidos. No entanto os fagócitos morrem após algumas fagocitoses, e se o numero de invasores e de detritos for grande, poderão ambos, fagócitos e bactérias, ficar presos num liquido pastoso e rico em proteínas estruturais, que se denomina pús.
Além disso estas células produzem radicais livres, formas altamente reactivas de oxigénio, que danificam as bactérias e outros invasores além dos tecidos a sua volta.
Algumas bactérias como o Mycobacterium tuberculosis, que causa a tuberculose, têm mecanismos de defesa contra a digestão após fagocitose, e sobrevivem dentro do fagócito parasitando-o e escondendo-se aí dos linfócitos.




Fagócitos e células relacionadas:
Neutrófilo: é o mais abundante dos fagócitos e é sempre o primeiro a chegar ao local da invasão. Fagocita e mata as bactérias.
Macrófago: célula gigante, a forma madura do monócito, tem capacidade de fagocitar muito mais bactérias que o neutrófilo. A sua diferenciação é estimulada por citocinas. É mais eficaz na destruição das bactérias que o neutrófilo, mas vive menos tempo, tendo de ser formado de novo a partir de monócitos em cada infecção.
Basófilo e Mastócito são células pouco fagocíticas que libertam histamina e são importantes em algumas reacções alérgicas (como a asma) e também na defesa dos parasitas. São activadas por um tipo de anticorpo, a IgE.
Eosinófilo: célula não fagocítica mas relacionada ao neutrófilo. Importante na defesa contra parasitas.
Os neutrófilos, eosinófilos e basófilos também são conhecidos como polimorfonucleados (devido aos seus núcleos lobulados) ou granulócitos.


Sistema complemento
O sistema
complemento é um grupo de proteínas produzidas pelo fígado, presentes no sangue. Elas reconhecem e ligam-se a algumas moléculas presentes em bactérias, ou são activados por anticorpos ligados a bactérias. Então inserem-se na membrana celular do invasor e criam um poro, pelo qual entra água excessiva, levando à lise (rebentamento osmótico da célula).
Outras proteínas não especificas incluem a
proteína c-reactiva, que também é produzida no fígado e se liga a algumas moléculas comuns nas bactérias mas inexistentes nos humanos, activando o complemento e a fagocitose.




Resposta inflamatória
A
resposta inflamatória é fundamentalmente uma reacção inespecífica, apesar de ser na prática controlada pelos mecanismos específicos (pelos linfócitos). Caracteriza-se por cinco sintomas e sinais, definidos na antiguidade greco-romana: calor, rubor, tumor (tumefacção), dor e perda da função.
A inflamação é desencadeada por factores libertados pelas células danificadas, mesmo se por danos mecânicos. Esses mediadores (
bradicinina, histamina) sensibilizam os receptores da dor, e produzem vasodilatação local (rubor e tumor), mas também atraem os fagócitos, principalmente neutrófilos. Os neutrofilos que chegam primeiro fagocitam invasores presentes e produzem mais mediadores que chamam linfócitos e mais fagócitos.


Sistema imunitário adaptativo ou específicoTodo o sistema específico se concentra na capacidade das células imunitárias distinguirem proteínas produzidas pelas células do próprio corpo (antigénio "self" - ou seja do próprio organismo), e proteínas produzidas por invasores ou pelas células humanas sob o controlo de vírus (antigénio "non-self" - ou seja, que não é reconhecido como sendo do próprio organismo). Esta distinção é feita através de receptores, os TCR (T-cell receptors) ou BCR (B cell receptors que são anticorpos presos à membrana). Estes receptores, TCR ou BCR, para serem eficazes têm de ser produzidos com milhões de conformações. De outro modo não se ligariam a muitos tipos de proteínas de invasores, e não os reconheceriam. Esta diversidade de receptores não caberia no genoma da célula, e milhões de genes, cada um para cada receptor possível, não seria prático. O que acontece é que há algumas famílias de genes, tendo cada uma vários membros ligeiramente diferentes. Através de um processo especial e único nas células humanas, estes genes nos linfócitos recombinam-se, um de cada família, num único gene, de forma totalmente aleatória.
Os linfócitos que não reagem a própria são milhões, cada um com milhões de configurações possíveis de receptores e haverá inclusive vários, cada um com receptor para zonas diferentes de cada proteína microbiana possível. A esmagadora maioria dos linfócitos nunca encontra uma proteina para a qual o seu receptor seja específico. Aqueles poucos que a encontram, são estimulados e multiplicam-se. São geradas células efectoras com o receptor específico (produtoras de anticorpos ou citotóxicas, ou ainda coordenadoras) e células memória. As células de memória são quiescentes, têm vida longa e são capazes de reconhecer esse antigénio mesmo muito depois, multiplicando-se em maior numero e respondendo mais rapidamente a infecções futuras.
O sistema imunitário especifico é controlado e efectuado largamente pelos linfócitos. Há vários tipos de linfócitos.


Linfócitos B e produção de anticorpos
Estrutura dos anticorpos, com duas regiões de ligação ao antigénio e uma região constante de interacção com leucócitos
Os linfócitos B possuem um BCR, que é em tudo semelhante ao anticorpo, mas está preso na membrana. Os linfócitos B concentram-se nos gânglios linfáticos, onde filtram a linfa, à espera de uma molécula que seja não-self e reaja especificamente com o seu receptor aleatório. Para cada molécula possível há vários linfócitos específicos. Logo assim que haja uma ligação especifica antigénio-receptor e se o linfócito for estimulado simultaneamente por citocinas produzidas pelos linfócitos T CD4+ (reguladores), eles multiplicam-se e diferenciam-se em plasmócitos e em células-memória. Estas, se a infecção se repetir muitos anos depois, podem iniciar a reposta mais rapidamente. Os plasmócitos produzem então grandes quantidades BCR solúvel e não preso à membrana, ou seja, anticorpos específicos para aquela molécula.
Os anticorpos são assim proteínas receptoras livres no sangue, que são especificas e se ligam à molecula não-self e possivelmente invasora. Os anticorpos podem assim ligar-se a antigénios na superficie de bactérias, vírus ou parasitas. Eles os eliminam de várias formas. Podem neutralizar o invasor directamente (cobrindo a superfície de um vírus e impedindo-o de se ligar aos seus receptores nas células por exemplo); atrair fagócitos (que reconhecem e são estimulados por eles); activar o sistema complemento de forma a lisa-los; ou ainda estimular as células citotóxicas (assassinas) para destruírem as células identificadas pelo anticorpo.






Os linfócitos que produzem anticorpos algo eficazes (do tipo IgM) ainda sofrem novo processo de selecção nos folículos linfóides. Aí, multiplicam-se rodeadas de linfócitos T CD4+ que secretam citocinas, as quais induzem por mecanismos complexos altas taxas de mutação nos seus genes dos anticorpos. Depois destroem os linfócitos B que produzem anticorpos com menor afinidade para o antigénio e estimulam a divisão dos que têm maior afinidade (graças a mutações fortuitas), podendo esta no final ser muitas vezes superior nos sobreviventes.
Há vários tipos de anticorpos: IgM é sempre o primeiro tipo a ser produzido; IgG é o principal grupo de anticorpos sanguíneos e há vários subtipos, aparece mais tarde que IgMs, e têm maior afinidade após hipermutação; os IgAs são anticorpos secretados para as mucosas, como intestino, genitais e bronquios; as IgE têm funções de luta contra parasitoses; os IgD têm funções ainda desconhecidas.......


Linfócito T8 e citotoxicidade
Os
Linfócitos T CD8+ são os linfócitos citotóxicos. Eles têm cada um, um tipo de receptor especifico nas suas membranas, gerado aleatoriamente numa fase de recombinação genética do seu desenvolvimento, denominado de TCR (T-cell receptor, semelhante aos anticorpos da célula B, mas de localização membranar). Esses receptores ligam-se a outros que todas as células humanas possuem (complexo MHC I), e que apresentam péptidos (fragmentos de proteínas) que elas estejam a produzir à superficie da célula. No caso que os complexos MHC I - péptido seja reconhecidos por uma célula T CD8+, esta última desencadeara a morte da célula que apresenta o péptido.
Todos os linfócitos T CD8+ que têm receptores que reagem a substâncias do próprio corpo morrem durante o seu "estágio" no
timo. Quando o linfócito T CD8+ reconhece um antigenio não-self com o seu receptor numa molécula MHC classe I de uma célula do organismo, ele liberta substâncias (perforina) que criam um poro na membrana, lisando (rebentando osmoticamente) a célula, ou então libertam mediadores (granzima) que induzem a célula a iniciar a apoptose (morte celular programada). Há milhões de linfócitos CD8+ em circulação no organismo, cada um com receptores aleatórios para todos os péptidos possíveis não-self. Normalmente o linfócito T CD8+ naive só mata as células se for estimulado por citocinas dos linfócitos T CD4+ (reguladores: ver mais à frente). Se um linfócito T CD8+ com determinado receptor for estimulado dessa forma, ele divide-se em mais células citotóxicas e um pequeno grupo de células quiescentes e de longa esperança de vida, as células memória, manter-se-ão em circulação (entre o sangue e os gânglios linfáticos). Estas células de memória podem ser activadas mais tarde de uma forma mais eficiente, mais rápida e independentemente da presença de citocinas produzidas pelos linfócitos CD4+, após reconhecimento do péptido para o qual são especificas apresentado por uma molécula de MHC classe I.




Fagócitos
Apesar de os
fagócitos serem um mecanismo inato, já que respondem a qualquer corpo estranho, eles também são efectores de primeira linha das decisões dos linfócitos.
Os fagócitos, especialmente os
macrófagos, respondem a citocinas geradas pelos linfócitos. Os monócitos são os precursores dos macrófagos e eles transformam-se em macrófagos se estimulados por citocinas dos T4. Além disso são atraídos por outras citocinas e factores libertados de células em locais de infecção activa.
Se estimulados apropriadamente pelas citocinas libertadas de forma localizada e controlada pelos linfócitos T4, os macrófagos libertam suficientes quantidades de enzimas e radicais livres para destruir totalmente uma região localizada, matando ambos invasores e células humanas.
Além disso, sob controlo dos linfócitos, os macrófagos são responsaveis por algumas reacções imunológicas especificas como o
granuloma e o abcesso. O granuloma ocorre na invasão por micobactérias e fungos, sendo o exemplo mais célebre a tuberculose. É uma reacção ordenada por citocinas dos T4, quando há infecção intracelular dos próprios fagocitos. De forma a impedir a disseminação pelo sangue do invasor dentro dessas células móveis, os linfócitos T4 secretam citocinas que chamam mais macrófagos, e os tornam mais resistentes à infecção ("alerta de bactéria endocelular"). Além disso as citocinas provocam a adaptação pelos macrófagos de morfologia epitelial em volta do núcleo da invasão, com numerosas camadas de células imobilizadas ligadas por conexões impermeáveis, de forma a sequestrar o invasor. A micobactéria da tuberculose não se pode disseminar e permanece localizada. Hoje mil milhões de pessoas saudáveis têm micobactérias controladas dessa forma nos seus pulmões (visível nas radiografias). Só naqueles poucos que têm um episódio de grande debilidade imunitária é que o organismo escapa e se inicia a tuberculose propriamente dita. O abcesso é semelhante mas em redor de um cisto/quisto de pús. É importante para sequestrar bactérias piogénicas cuja toxicidade mata os fagócitos (formando o pús) e não permite a limpeza eficaz.


Linfócito T4 e supervisão da resposta
Os Linfócitos T4 ou helper, são os controladores de toda a resposta imunitária. São eles que "decidem" que reacções desenvolver a uma invasão, activando ou inibindo todas as outras células imunitárias através de
citocinas (espécie de hormonas ou mediadores moleculares). Daí que na doença que ataca os próprios T4, a SIDA/AIDS, todo o sistema imunitário colapse.
Os linfócitos T4 conseguem decidir se há invasão ou não porque cada um deles contém um receptor gerado aleatoriamente o TCR (T-cell receptor, semelhante aos anticorpos da célula B, mas membranar). Todos os fagócitos e ainda algumas outras células como as células
dendriticas ou de Langerhans, depois de digerir as proteínas do invasor, apresentam péptidos (pedaços) delas numa proteína membranar, o MHC II (major histocompatibility complex). Os TCR dos T4 ligam-se a essas MHC2 com péptido e se a ligação for eficaz, libertam citocinas. Nenhum linfócito T4 tem receptores para proteínas do próprio corpo porque esses foram destruídos na sua fase de desenvolvimento no Timo. Se os níveis dessas citocinas forem suficientemente altos, e se outros factores menos bem conhecidos existirem no sangue, o T4 "decide" que há uma invasão e de que tipo é, dando origem a uma resposta imunitária especifica. Ele então produz outras citocinas estimulando todas as outras células para o tipo de resposta apropriado. Tal como todos os outros linfócitos, os T4 estimulados multiplicam-se e alguns servem de células-memória para mais rápida resposta ao mesmo invasor no futuro.
Há basicamente dois tipos de células T4 helper, correspondendo a dois tipos de resposta. Não se sabe exactamente o que desencadeia um tipo ou o outro. A resposta TH1 caracteriza-se por produção de citocinas como
IL-2, IFN-gama e TNF-beta. Há activação dos macrófagos e da fagocitose, e dos mecanismos citotóxicos (linfócitos T), levando a extensa destruição das zonas infectadas. É eficaz na eliminação dos patogénios intracelulares (vírus e bactérias intracelulares). Na resposta TH2 há secreção de IL-4 e IL-5. Caracteriza-se pelo estimulo da produção de anticorpos pelos linfócitos B. É eficaz contra organismos que circulem no sangue, como bactérias extracelulares e parasitas.
Que resposta, TH1 ou TH2, é produzida, tem importância para a progressão da infecção. Por exemplo na Lepra, uma infecção pela bactéria intracelular Mycobacterium leprae, a resposta TH1 é extremamente eficaz e os danos são mínimos (lepra tuberculoide); mas se for activada uma resposta TH2, ineficaz contra organismos intracelulares, surge a lepra comum, com danos profundos e desprendimento de pele (lepra lepromatosa).
Há ainda um terceiro tipo de linfócito T regulador, os linfócitos supressores, que limitam e suprimem a reacção imunitária, um mecanismo muito importante considerando a destruição extrema que o sistema imunitário pode produzir.




Outras células
Linfócitos Natural-Killer: os NK são linfócitos pouco específicos que tal como os T8 são citotóxicos, destruindo células humanas e outras que apresentem sinais de invasão interna. São importantes na destruição das células humanas com antigénios não-self (por infecção viral ou neoplasia) e que são atacadas por anticorpos específicos. Não se conhecem bem as suas funções em detalhe.

Citocinas
As
citocinas são hormonas do sistema imunitário que permitem às células comunicar entre si e com outras de outros órgãos. São um sistema incrivelmente complexo e inteligente ainda pouco conhecido. Algumas citocinas mais importantes:
IL-1: libertadas aquando de infecções. Produzem nos centros cerebrais regulatórios febre, tremores, calafrios e mal-estar; promovem a inflamação, estimulam os linfócitos T. A sua acção é responsável por estes sintomas comuns na maioria das doenças. No cérebro há libertação de prostaglandina E2, que estimula o centro da temperatura, aumentando a sua configuração. A aspirina inibe a formação da prostaglandina (bloqueia a enzima que a produz) e é por isso que diminui a febre e mal estar nas afecções virais.
IL-2: estimula a multiplicação dos linfócitos T e B.
IFN-alfa: Interferon. Activa as células em estado de "alerta viral". Produção diminuída de proteínas, aumento de enzimas anti-virais (como as que digerem a dupla hélice de RNA típica dos vírus) e aumentam também a apresentação de péptidos internos nos MHC I aos linfócitos. Estimula os linfócitos NK e T8.
IFN-gama: Activa os macrófagos, tornando-os mais eficientes e agressivos; promove a inflamação, e estimula a resposta TH1, inibindo a TH2.
TNF-beta: activa os fagócitos. Estimula a resposta citotoxica (TH1).
IL-4: estimula multiplicação dos linfócitos B; produção de anticorpos, resposta do tipo TH2.
IL-5: estimula multiplicação e diferenciação de linfócitos B; produção de IgA e IgE, alergias.
Outras.

Órgãos linfóides
A
medula óssea é o local onde se situam as células estomáticas, que dão origem a todas as células do sistema imune e ainda das plaquetas e eritrócitos. É ainda o local de maturação de todas estas células, com excepção dos linfócitos T.
O
Timo é o local de maturação dos linfócitos T.
Os
gânglios linfáticos são órgãos pequenos com forma de feijão, situados em todo o corpo. Eles contêm linfócitos B e linfócitos T4 e T8, e são os locais de recolha de antigénios (filtração) da linfa. Aí se organizam e controlam as defesas e formam folículos linfóides onde os linfócitos B com receptores específicos para os antígenos se maturam em plasmócitos produtores de anticorpos. Aí também se maturam os linfócitos T8 específicos do antígeno em linfócitos citotóxicos. As células apresentadoras de antigénios como célula de Langerhans e os fagócitos afluem aos gânglios para apresentar antigénios recolhidos (ou fagocitados) da periferia aos linfócitos.
O
Baço é um órgão filtrador do sangue contendo folículos semelhantes aos dos gânglios linfáticos (que filtram a linfa).
O
Fígado é primariamente um órgão metabólico, mas também alberga muitos fagócitos e é ele que produz as proteínas imunitárias como o sistema complemento. Controla as invasões intestinais, já que filtra todo o sangue proveniente do intestino, pela veia porta.
O
Intestino e os Brônquios são importantes órgãos imunitários. Contêm uma camada com folículos linfóides (o MALT -mucosa associated lymphoid tissue ou BALT), plenos de linfócitos, que reagem aos antigénios e outras reacções contra eles. Controlam também a flora normal de bactérias intestinais.
As
tônsilas (amígdalas) são aglomerados de tecido linfóides em redor da entrada da faringe, controlando os invasores que entram pela boca.
Alergias, doença auto imune, leucemias e transplantes
As alergias são reacções imunitárias a um antígeno estranho despropositadas. No indivíduo alérgico, o sistema imunitário não consegue distinguir alguns antígenos não-self inócuos, como grãos de pólen, de antígenos pertencentes a invasores perigosos. Logo gera-se uma reacção imunitária a estímulos que não põem a integridade do indivíduo em risco.
As doenças auto-imunes são devidas à perda da capacidade dos linfócitos em distinguir os antigénios self dos não-self. O sistema ataca as próprias células do corpo, julgando-as invasoras. É possível que muitas destas doenças, sejam devido à má função das células que destroem os linfócitos com receptores reactivos ao self.
Por razões ainda não conhecidas, as mulheres sofrem mais do que os homens com a maioria das doenças auto-imunes (como
lúpus, artrite reumatóide e esclerose múltipla), que são aparentemente mais prováveis em pessoas com determinados genes MHC, que apresentam os péptidos self de forma mais críptica aos linfócitos. Há poucas doenças auto-imunes que atingem mais homens que mulheres, como a espondilite anquilosante.
As leucemias (na medula óssea e sangue) e linfomas (nos gânglios linfáticos) são
neoplasias (ou seja cancro) das células do sistema imunitário. Elas decorrem muitas vezes com efeitos auto-imunes e de imunodeficiência e são altamente invasivas, já que circulam livremente pelo sangue e linfa.
A rejeição de transplantes deve-se ao facto de as proteínas MHC da pessoa que doa o órgão serem diferentes (há grande variabilidade dos genes MHC, uma característica que protege a humanidade das infecções: há sempre alguém que sobrevive por ter um MHC que apresente os péptidos invasivos suficientemente cedo). Os linfócitos interpretam um péptido self apresentado por uma MHC de conformação diferente da habitual como sendo não-self, e matam as células do órgão transplantado. Este problema é reduzido com escolha de pessoas com MHC semelhantes para doações de órgãos (frequentemente irmãos, pais e filhos), e pode ser algo controlada com imunosupessores como os
glucocorticóides.

Farmacologia e vacinas
Vacina oral anti-poliomielite administrada a criança
As vacinas consistem na administração de antigénios pertencentes a um vírus ou bactéria no sistema imunitário, de forma a estimular os linfócitos com receptores específicos para eles e criar células de memória, que destruam rapidamente o invasor no futuro, caso ele surja.
Os glucocorticóides são imunosupessores potentes. Os
AINEs são menos potentes mas são eficazes na supressão da inflamação.
Transplantes facilitados por porcos transgénicos




Criadas porquinhas sem o gene responsável por rejeição aos órgãos transplantados
Cinco porquinhas que nasceram na noite de Natal foram a melhor prenda para os cientistas da empresa de biotecnologia PPL Therapeutics. Noel, Angel, Star, Joy e Mary, ou seja, Natal, Anjo, Estrela, Alegria e Maria são porquinhas transgénicas clonadas, ou seja, são todas geneticamente idênticas e o seu ADN foi modificado de forma a não terem um gene envolvido nas reacções agudas de rejeição aos transplantes de órgãos. A utilização desta técnica para criar órgãos de porco compatíveis com seres humanos que precisam de um transplante é o objectivo da empresa. A PPL Therapeutics nasceu no Instituto Roslin, na Escócia, e tornou-se conhecida pela criação da ovelha Dolly - o primeiro mamífero adulto clonado do mundo. Mas, nos últimos anos, as células indiferenciadas ou estaminais têm concentrado a maior parte das atenções: espera-se poder criar embriões em laboratório para criar transplantes de células ou órgãos para tratar doenças hoje incuráveis, através da técnica usada para criar a Dolly e assim usar o património genético do próprio doente. Por isso, a alternativa dos xenotransplantes - órgãos de animais cujo património genético foi modificado, de forma a não ser rejeitado pelo sistema imunitário humano - tem ficado um bocado para trás. Com esta mudança de interesse, a PPL Therapeutics começou a ter falta de dinheiro, embora tenha continuado a trabalhar na criação de animais transgénicos e clonados para transplantes, ou que produzam no seu leite proteínas com valor terapêutico para os seres humanos. Desta feita, as cinco porquinhas não têm o gene alfa 1,3 galactosil transferase, que comanda a produção de uma enzima que adiciona moléculas de açúcar às células de um órgão de porco transplantado para um humano. Estas moléculas de açúcar são o alvo das células do sistema imunitário do doente, que olham para elas como estranhas e atacam o órgão, criando uma rejeição hiperaguda, poucos minutos após a operação. Se no transplante forem usados órgãos de animais de cujo património genético foi tirado este gene, as possibilidades de sucesso aumentam. "Os ensaios clínicos [com seres humanos] poderão começar daqui a quatro anos", diz um comunicado da PPL Therapeutics. Esta experiência, no entanto, não foi ainda publicada numa revista científica, passo essencial para a sua aceitação. A procura de terapias à base de enxertos celulares, para tratar doenças como a diabetes ou a de Alzheimer e de Parkinson, poderia valer outros seis mil milhões de dólares (6,640 milhões de euros).




“A estupidez tem origem genética e deveria ser curada”, afirma James WatsonPolémicas afirmações do Nobel da Medicina abalam mundo científico

Passados cinquenta anos sobre a descoberta da estrutura do ADN (ácido desoxirribonucleico), James Watson, um dos investigadores envolvidos nessa descoberta, volta a abalar o mundo científico ao defender que a estupidez, entendida como o reflexo de um baixo coeficiente intelectual, é uma doença genética e, como tal, deveria ser curada. O cientista expressou esta opinião num documentário da televisão britânica “Channel 4” que será transmitido no passado sábado para celebrar o 50º aniversário da chamada “descoberta do século”. Nesse documentário, Watson afirmou que um coeficiente intelectual reduzido é uma desordem genética e, por isso, hereditária e que os investigadores que trabalham na área da biologia molecular têm o dever de desenvolver técnicas de diagnóstico e de terapia genética para acabar com este problema. “Se uma pessoa for realmente estúpida, a isso eu chamaria doença”, afirma o prestigiado professor, grande impulsionador do Projecto Genoma Humano, a iniciativa pública internacional para decifrar o chamado “mapa da vida”. Watson considera que é um erro associar a lentidão na aprendizagem a uma situação de pobreza ou a problemas familiares, já que é mais provável que exista uma causa genética que pode e deve ser corrigida. Na opinião de Watson, que aos 75 anos é um defensor convicto da utilização da engenharia genética para melhorar a raça humana, os cientistas teriam de desenvolver terapias genéticas e fazer exames pré-natais para prevenir o nascimento de “bebés estúpidos”. “É injusto que as pessoas não tenham as mesmas oportunidades (de ser inteligentes). Quando estiver disponível um método para melhorar os nossos bebés, ninguém poderá evitar a sua aplicação. Seria estúpido não o utilizar”, sublinhou. Watson vai ainda mais longe ao defender que a engenharia genética também se poderá aplicar aos genes da beleza. “Há quem considere terrível a possibilidade de todas as mulheres serem lindas. Eu acho que seria fantástico”, disse. Entratanto, as afirmações de Watson já foram alvo de contestação por parte dos seus pares. Nikolas Rose, especialista em bioética na London School of Economics, afirma que este tipo de manipulações genéticas podem não ser possíveis já que “se se confirmar que a estupidez é uma característica hereditária, haverá o envolvimento de um elevado número de genes e ainda a interacção ambiental.” John Sulston, um dos responsáveis pelo Projecto Genoma Humano, considera que o professor Watson entrou numa “área extremamente perigosa”, com as suas recentes afirmações. O produtor do programa apresentado no “Chanel 4” acredita que esta visão polémica de Watson resulta da sua própria experiência familiar com o seu filho, que sofre de uma doença mental semelhante à esquizofrenia. MNI – Médicos Na Internet




Bactéria que brilha causa doença em humanos




Micro-organismo desenvolveu-se em insectos
Uma nova doença, que causa pústulas (espécie de espinhas) pelo corpo, foi identificada em habitantes da Austrália e dos Estados Unidos. O agente causador é a Photorhabdus asymbiotica, uma bactéria que se desenvolveu em insectos, afirmam cientistas da Universidade de Bath e da London School de Higiene e Medicina Tropical. A doença faz o corpo brilhar, informaram os estudiosos, que alertaram para a possibilidade de outras bactérias de insectos sofrerem mutações e ameaçarem o ser humano. A equipa acredita que as feridas em humanos também podem brilhar, mas isso ainda não foi comprovado porque as vítimas foram tratadas antes de terem sido possível verificar a teoria. Os cientistas também disseram que a doença pode ser mais comum do que se pensa, já que, até ao momento, pode ter recebido outro diagnóstico. A descoberta, revelada na revista Nature sobre Investigações de Microbiologia, faz parte de um projecto maior de investigação, sobre o aparecimento de novas doenças. Apesar da infecção poder ser facilmente tratada e não ser considerada perigosa, a equipa diz que, em breve, as bactérias em insectos podem sofrer mutações e criar doenças mortais. Estudos sugerem que a peste negra, que matou milhões de pessoas entre os séculos XIV e XVII, surgiu pela transmissão de insectos. Semelhanças entre os sistemas imunitários do ser humano e dos insectos significam que muitas bactérias que causam doenças em insectos podem sofrer mutações e também ameaçar o homem.



ADN mostra que não há raças




Perfil genético de brancos e negros brasileiros é semelhante
Independentemente de terem traços «europeus» ou «africanos», de um modo geral, os brasileiros apresentam perfis genéticos que derivam de populações de ambas as regiões geográficas. Segundo um estudo brasileiro, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as conclusões deste trabalho aplicam-se apenas ao Brasil e não devem ser extrapoladas de maneira ingénua para outros países. A investigação, que teve a colaboração de cientistas da Universidade do Porto demonstra que ter a pele escura não indica com segurança que a pessoa teve a maioria de seus genes herdada de ascendentes africanos. «Os dados sugerem que no Brasil, no plano individual, a cor determinada por avaliação física é um fraco factor de predição de ancestralidade genómica africana estimada por marcadores moleculares», dizem os autores no artigo, em linguagem cautelosa. Os marcadores genéticos usados no estudo foram propostos por Esteban Parra na revista especializada "American Journal of Human Genetics" em 1998. Estes marcadores foram escolhidos porque têm uma alta correlação com a origem africana ou europeia da população (pelo menos 48 por cento mais comuns numa das populações) e reunidos estatisticamente num «Índice de Ancestralidade Africana» (AAI). No trabalho, os investigadores constataram haver uma dissociação significativa entre a ancestralidade geográfica genómica (africana versus europeia) e a raça social, avaliada a partir de múltiplos atributos físicos, como a pigmentação da pele, a cor e a textura dos cabelos, a cor dos olhos e o formato do nariz e dos lábios. «Por outras palavras, o perfil genómico dos brasileiros negros ou brancos difere muito pouco», afirmou Pena, que é investigador da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. O cientista explicou que, nos últimos anos, tem vindo a usar sistematicamente ferramentas genómicas com o objectivo de obter o que chama de «retrato molecular» dos brasileiros. A fase inicial do projecto envolveu o uso de indicadores herdados apenas de um dos pais: o DNA mitocondrial (mtDNA), proveniente da mãe, e o cromossoma Y, que os pais transmitem aos filhos do sexo masculino. Esses marcadores oferecem informações de linhagem muito distantes e de origens geográficas bastante específicas, explicou Pena. «Nas investigações sobre a linhagem materna encontramos uma quantidade surpreendentemente elevada de contribuição de material genético de indígenas (33 por cento) e de africanos (28 por cento) para o mtDNA total dos brancos brasileiros», disse Pena. Depois desta fase, os cientistas avaliaram as linhagens paternas e descobriram que, na maioria dos casos, a origem dos cromossomas Y dos homens brasileiros é europeia, independente da procedência desses homens. E, devido à história do Brasil, em 1500 os colonizadores europeus cruzaram-se com indígenas brasileiras e africanas. Pena afirmou ainda que «tanto leigos quanto cientistas confundem o conceito de cor ou “raça” com o de ascendência geográfica e empregam termos intercambiáveis, como branco, caucasiano e europeu, por um lado, e negros ou africanos, por outro». Este estudo, por outro lado, aponta o quanto essa prática é nociva, ao mostrar claramente que a ascendência geográfica e a “raça social” - esta última, avaliada pelo critério físico - são atributos bem diferentes e que, ao menos no caso dos brasileiros, estão em grande parte dissociados, afirmou o investigador. Tanto antropólogos como os geneticistas concordam: do ponto de vista biológico, as raças humanas não existem. O conceito de raça é uma construção social que muda ao longo do tempo, de acordo com contextos sociais, e que só se sustenta por uma ideologia racial, observou Pena.

Thursday, March 22, 2007



CANCRO




Câncer ou cancro, nomes comuns da neoplasia maligna, compreendem genericamente as doenças em que determinado grupo de células do corpo se divide de forma descontrolada, invadindo os tecidos adjacentes e/ou distantes. É causada por mutações no ADN, que podem ser hereditárias mas mais frequentemente são adquiridas ao longo da vida.

Fatores desencadeantes
Factores que aumentam o risco de cancro são vários e incluem a exposição excessiva à
radiação solar (cancros da pele), alguns vírus (cancro do pénis, colo do útero, alguns linfomas). No entanto as causas preveníveis mais importantes do cancro são o tabaco (cancros do pulmão, cancro da bexiga, tumor da laringe, tumores da cavidade oral) e o álcool (cancro do estômago e do pâncreas).
A alimentação com excesso de gordura também parece ser um factor de risco importante para muitos cancros.


Sintomas
O cancro pode ter diversos sintomas e por vezes é assimptomático até fase avançada. A perda de peso rápida com falta de apetite está muitas vezes associada à neoplasia maligna. O diagnóstico só pode ser comprovado pela análise de tecido recolhido em
biópsia pela anatomia patológica. Qualquer massa anormal, sangramento urinário, intestinal, ou na tosse é sugestiva e deverá ser examinada por um médico. Pessoas de idade avançada estão em maior risco e deverão ser examinadas regularmente.
Hoje em dia, 40% dos casos de cancro resultam em cura ou sobrevivência prolongada, contudo quase todos os casos de bom prognóstico continuam a ser os de detecção precoce. O cancro diagnosticado em fase avançada ainda resulta quase sempre na
morte do paciente, com poucas excepções.
O consumo de alcool e tabaco em simultaneo é um factor de risco muitissimo elevado em casos de carcinoma da cavidade oral, da laringe e do esofago.


Neoplasia e cancro
Os
tumores neoplásicos são qualquer massa de células que surge por divisão inapropriada de uma célula mãe original (multiplicação clonal), na qual a expressão dos genes que regulavam essa divisão estão alterados. Cancro é entendido como a grave situação patológica clínica que é gerada por uma neoplasia, a qual é classificada como maligna devido à situação clínica potencialmente fatal que origina.
O tumor maligno ou cancro distingue-se do tumor benigno principalmente porque o primeiro põe a vida do doente em risco mas o segundo geralmente não. A grande maioria dos tumores malignos é invasivo, e é a sua infiltração progressiva de estruturas adjacentes, ou distantes através de
metástases que cria disfunções nos orgãos invadidos e reacções imunitárias às lesões que levam à insuficiência ou má função de orgãos vitais e à morte. No entanto nem todos os cancros são invasivos. Alguns tumores são considerados malignos apesar de serem em tudo semelhantes aos benignos porque produzem graves danos pela produção de hormonas (e.g. feocromocitoma), enquanto outros comprimem orgãos devido às limitações ao seu crescimento como tumores do cérebro que não se podem expandir devido ao crânio e acabam comprimindo o cérebro, o que resulta em morte (devido a asfixia após disfunção do centro respiratório na maioria dos casos).
As neoplasias benignas em geral não se transformam em malignas, apesar de existirem numerosas excepções, e portanto podem ser mantidas no corpo do paciente, mas geralmente recomenda-se a retirada por motivos estéticos. No entanto em casos raros as neoplasias de comportamento benigno podem levar à morte, se o seu crescimento local, por azar, comprimir mecanicamente uma
artéria, veia ou nervo importante, por exemplo.
As células cancerosas podem ainda se soltar do tecido neoplásico original e, através da corrente sangüínea, linfática ou através de outros liquidos (
peritoneal, pleural) instalar-se em outros órgãos distantes da localização inicial, as metástases. A metastização constitui a fase do câncer cujo tratamento é mais difícil e quando é obtido menos sucesso na recuperação de pacientes. O paciente com câncer deve, sempre que possível, ser operado o mais rapidamente possível para a extração do tecido ou do órgão afetado, seguido de um tratamento de quimioterapia ou radioterapia.


Cancro como doença genética
O cancro é fundamentalmente uma doença genética. Em células normais, o crescimento celular é controlado por diversos factores, ou hormonas, libertadas por células adjacentes ou distantes. Deste modo um tecido consegue crescer ou atrofiar em resposta a demandas aumentadas ou diminuidas da sua função.
Há vários fatores que promovem o crescimento e multiplicação celulares, sistémicos como a
hormona do crescimento, hormonas da tiróide (t3/t4), insulina, e factores locais como citocinas.
A progressão do cancro não é mais que a inactivação de determinados genes e a hiperexpressão de outros, dando origem a células largamente independentes da regulação local e central do organismo, que se dividem sem inibição. Outras mutações noutros genes poderão então dar às células neoplásicas novas capacidades invasivas, já que todas as células do organismo possuem o
genoma completo e portanto a capacidade de produzir qualquer proteína, desde que os genes correspondentes sejam activados (neste caso por mutação). Assim, uma célula da cartilagem (condrócito) neoplásica pode sofrer mutação que lhe permite formar proteinas que provocam a formação de novos vasos sanguineos, apesar de este gene nunca ser expressado na célula normal.
Várias síndromes de cancro familiares são causados pelo facto de que nessas familias algum gene importante na progressão ou iniciação tumoral já estar mutado. Mais frequentemente estão mutados os genes de supressão tumoral (ver adiante) em que são necessários duas mutações em ambas as cópias (uma do pai, outra da mãe) para haver inactivação. Se o individuo herdar do pai uma cópia defeituosa, é muito mais fácil ocorrer apenas a mutação na cópia materna que nos dois
alelos.
Um dos factos mais intrigantes em
oncologia é a restrição de determinadas mutações a determinados tipos de cancro. Quase todos os cancros têm apenas uma, duas ou três vias de progressão com mutações de determinados genes, enquanto noutros orgãos a progressão se dá por mutações em genes diferentes. Este facto será talvez porque em determinados tecidos funcionam principalmente determinados oncogenes e genes supressores tumorais, e não outros, mas a causa exacta permanece obscura.
DNA e mutações
A atividade de cada
célula de ou tecido é dirigida pelo seu DNA. Ao longo da embriogénese, à medida que células cada vez mais diferenciadas se originam do zigoto, alguns genes tornam-se activos enquanto outros são silenciados, de acordo com a função final da célula. Mas cada célula mantém sempre uma cópia do genoma completo no seu núcleo. As cadeias de DNA são frágeis e facilmente são modificadas por químicos ou radiação. Existem contudo proteínas reparadoras de erros do DNA que reduzem a taxa de erros ou mutações a um mínimo. A maior quantidade de erros ocorre aquando da divisão celular, devido à necessidade de duplicar cada cromossoma, de modo a que cada célula filha tenha uma cópia. Continuam, contudo a ser feitos alguns erros, uma simples base movida já constitui uma mutação. Ao longo da vida milhões de células do nosso corpo sofrem pequenas mutações, essas células normalmente se autodestroem ordenados pela actividade de proteínas geradas a partir de genes anti-tumorais do DNA como por exemplo o p53.
Nenhuma célula se torna neoplásica apenas com uma mutação. Normalmente são necessárias várias para haver desregulação do ciclo celular e proliferação excessiva, e ainda mais outras para que haja invasão dos orgãos adjacentes ou distantes.
A mutação não-letal do DNA constitui a origem do cancro. Qualquer célula se for sujeita a lesões extensas no seu DNA morre, uma vez que genes fundamentais à sua sobrevivência serão lesados. As células estão mais vulneráveis às mutações aquando da divisão celular com duplicação do DNA. É esta a base da
radioterapia: se as células tumorais se dividem muito mais rápido serão mais vulneraveis à radiação letal. Contudo a radiação ou outros insultos em pequenas quantidades menos provavelmente danificarão genes fundamentais, mas com igual probabilidade afectarão genes que estejam envolvidos na regulação da proliferação celular.
O DNA é um polímero com quatro tipos diferentes de bases:
adenina, timina, guanina e citosina. A série de bases é traduzida em sequências proteicas de acordo com os tipos de bases (cada aminoácido corresponde a uma série de três bases). Diferentes sequências de aminoácidos com diferentes propriedades químicas leva a diferentes comportamentos das proteinas. A substituição ou eliminação de uma única base pode levar a proteinas diferentes, mais quantidade produzida de uma proteína ou silenciamento do gene.
Outros tipos de mutações são as quebras cromossómicas, que são reparadas por vezes com troca dos fragmentos quebrados em
cromossomas diferentes do habitual, com efeitos a nivel da expressão génica.
Existem várias proteínas que corrigem os erros no DNA. Se os genes destas proteinas sofrerem mutações, elas podem ser inutilizadas, ocorrendo maior taxa de mutações subsequente -fenomeno denominado instabilidade genética.
Causas das mutações
A mutação do DNA pode ser devida a vários factores:
Radiação: a radiação
UV provoca directamente danos do DNA, com formação de dímeros de bases. Estes são corrigidos sem problemas a maioria das vezes, mas podem ser reparados erroneamente com substituição por uma base diferente. A radiação de alta energia (raios gama, beta e alfa) também causam mutações. A origem mais significativa desta radiação não são as centrais ou acidentes nucleares, mas sim a radiação cósmica, particulas geradas em buracos negros ou supernovas que viajam milhares de anos-luz acabando por causar cancros nos seres-vivos da Terra.
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos: os hidrocarbonetos como aqueles presentes em qualquer tipo de fumo (tabaco principalmente), causam mutações no DNA. São os mais potentes carcinogénios presentes em significativa concentração nos ambientes humanos.
Outros químicos: por exemplo
arilaminas (corante industrial) no cancro da bexiga, aflatoxina (toxina de fungo presente em alguma comida bolorenta) no carcinoma hepatocelular.
Irritação crónica: a irritação crónica com morte e divisão celulares constantes leva a maior taxa de mutações devido à maior probabilidade de erros no DNA quando da sua replicação durante a divisão celular. Por exemplo a
Hepatite crónica por alcoolismo, a pancreatite crónica por alcoolismo ou a cistite crónica por infecção.
Vírus: alguns vírus causam mutações no DNA ao inserirem o seu genoma no da célula de forma arbitrária, ou ao produzirem proteínas que estimulam a proliferação da célula a partir de oncogenes do genoma do próprio vírus. Alguns exemplos são o vírus Epstein-Barr, que causa a doença do beijo (alguns tipos de linfomas e carcinomas nasofaringeais), Papilomavirus, que causa a verruga e o condiloma acuminado (carcinomas do pénis e colo do útero), HTLV-1 (linfoma de células T), virús da Hepatite B e C (carcinoma hepatocelular), vírus do sarcoma de Kaposi (um vírus da familia do Herpes que causa cancro nos vasos de imunodeprimidos, em especial na SIDA/AIDS).
Bactérias: a infecção do estômago crónica com
Helicobacter pylori predispõe ao desenvolvimento de cancro do estômago e a linfomas associados à mucosa (MALTomas).
De uma forma ou de outra, o tumor é basicamente iniciado quando há um dano no
DNA, ou ADN (Portugal) causado por quaisquer dos fatores acima, e que não é reparado por sistemas de reparação de DNA existentes em todas as células, gerando uma mutação. Dependendo do local em que a mutação ocorre na molécula de DNA, este defeito pode causar um desequilíbrio no ciclo celular, desencadeando uma reprodução acelerada e descontrolada de células.
Genes tipicamente mutados no Cancro
Qualquer tumor é constituido pela progénie de uma única célula que acumulou mutações em genes suficientes para evadir os mecânismos anti-tumorais e para ganhar autonomia na replicação.
Existem basicamente quatro classes de genes importantes na patogenia do cancro:
Oncogenes: são genes que normalmente estão envolvidos na proliferação celular (quando são normais são proto-oncogenes). Se sofrerem mutações que aumentam a sua actividade transformam-se em oncogenes, e aumenta a proliferação celular. Assim por exemplo um receptor activado por uma hormona de crescimento é um protooncogene, mas se o gene desse receptor for mutado de modo a que o receptor passar a estar activado mesmo sem hormona ligada, é um oncogene e há proliferação independente da hormona. Normalmente basta uma destas mutações numa das duas cópias de cada gene em cada célula para ser eficaz -mecanismo dominante.
Alguns exemplos de oncogenes:
MYC: factor de transcrição nuclear pró-proliferativo. Mutação pode aumentar a expressão deste gene e a proliferação.
RET: receptor celular que pode sofrer mutação e tornar-se autonomo.
RAS (gene): proteína de transdução de sinal proliferativo que se pode tornar autonoma (produzindo continuamente sinal).
Gene de supressão tumoral: são genes que suprimem a proliferação caso detectem anormalidades celulares. São necessárias duas mutações que os inactivam, uma em cada cópia do gene, já que um gene é capaz de funcionar mesmo se o outro for inactivado -mecanismo recessivo.
Alguns exemplos:
Receptor do TGF-beta: receptor que inibe o crescimento celular em resposta à citocina TGF-beta.
RB: regula o ciclo celular.
NF1: inibição da trandução de sinal proliferativo pelas RAS.
APC: inibe a transdução do sinal proliferativo.
p53: inibe crescimento e multiplicação celular se detectar danos do DNA. Promove reparação dos danos e caso esta não seja possível, desencadeia a morte celular programada (apoptose).
p16: inibe multiplicação celular de modo relacionado com p53.
Genes que regulam a
apoptose: genes que promovam a apoptose podem sofrer mutações (em ambos os alelos) inactivantes; enquanto genes que inibem a apoptose podem sofrer mutações que os tornam hiperactivos.
Alguns exemplos:
p53: também pertence a esta classe porque promove a apoptose caso os danos do DNA sejam incorrigíveis.
BCL2: protege a célula da apoptose. Pode sofrer mutação inactivante.
BAX: promove a apoptose.
Genes da reparação do ADN: se estes genes estiverem inactivados, a taxa de mutações passa a ser muito maior, e portanto a probabilidade de haver mutações em outros genes das classes discutidas acima é maior -instabilidade genetica.
Epidemiologia
Factores de risco incluem geografia (mais cancro da pele em países tropicais que em nórdicos), etnia, hábitos alimentares, idade avançada e genes hereditários que causam predisposição para o cancro.
Em países desenvolvidos o cancro compete com as doenças cardiovasculares (principalmente
enfartes coronários e AVCs) enquanto causa de morte principal. Uma em cada quatro ou cinco pessoas morrerá de cancro nestes países.
(2000-2005) nos países do Europa e América do Norte.
Cancros mais frequentes no Homem: Carcinoma da Próstata (um terço dos casos), Pulmão (~15%), Cólon e Recto (~10%), Linfomas e leucemias não Hodgkins (~10%),Bexiga (5%),
Melanoma maligno (4%), Boca e faringe, Pancreas, Rim (cada um 2-3%), outros (~20%).
Cancros mais mortais no Homem -percentagem das mortes por cancro: Pulmão (~30%), Colon e Recto (~10%), Próstata (10%), Leucemias e Linfomas não Hodgkins (~10%), Pancrêas (5%), Bexiga, Figado, Rim, Esófago (cada um 2-3%), outros (~20%).
Cancros mais frequentes na Mulher: Mama (um terço), Pulmão (~10%), Cólon e Recto (~10%), Útero,
Tiroide, Pancrêas, (cada um 2-3%), outros (~20%)
Cancros mais mortais na Mulher: Pulmão (~25%), Mama (~15%), Cólon e Recto (~10%), Linfomas e leucemias não Hodgkins (~10%), Pancrêas (~5%), Ovário (~5%), Útero (~4%), outros (~25%).
Em Portugal os dados são semelhantes à excepção do cancro do estômago que é muito mais comum devido a maior prevalência de Helicobacter pylori e alcoolismo. No Brasil e na África as incidências são bastante diferentes.
Os cancros do Pulmão e da Bexiga são na sua maioria causados pelo Tabaco. Uma em oito mulheres terá cancro da Mama, no entanto a maioria dos casos é diagnosticada num estágio curável.


Progressão
Há várias etapas na progressão de um cancro invasivo a partir de uma célula normal, cada etapa correspondendo a novas mutações num subgrupo das células que partilham a mutação anterior:
Proliferação independente: uma célula ganha mecanismos internos de estimulação ao crescimento em vez de responder a hormonas externas (mutação num
oncogene, e.g. RAS). Esta célula multiplica-se.
Insensibilidade a factores inibitórios externos: uma célula das que tinham a mutação 1 sofre duas novas mutações (em ambas as cópias do gene) que a liberta de factores que inibem a proliferação, como productos de genes supressores tumorais. Esta célula multiplica-se ainda mais rapidamente.
Evasão de
apoptose: uma das células em 2 sofre mutações nos dois genes que levam grande número das suas células-irmãs não mutadas à apoptose (morte celular). Esta célula divide-se na mesma velocidade mas as suas células-filhas sobrevivem em muito maior numero.
Defeitos na Reparação do DNA: inactivados os genes de reparação de DNA numa célula das de 3. Esta célula divide-se à mesma velocidade mas as suas células filhas acumulam novas mutações muito mais rápido.
Proliferação Ilimitada: uma das células de 4 ganha capacidade de extender os seus
telómeros: a sua divisão é ainda mais rápida.
Angiogenese: uma célula de 5 ganha capacidade de secretar proteinas que chamam a criação de novos vasos sanguineos -menos necrose das suas células filhas devido á isquémia (falta de oxigénio) e novas vias de disseminação.
Abilidade de invasão e metastização: ganho de função de genes que degradam a
cápsula (colagenases entre outras enzimas), ganho de função de genes correspondentes a receptores membranares (silenciosos nas células normais progenitoras) que permitem a invasão dos vasos sanguineos ou linfáticos. Perda da adesividade das células umas às outras (inactivação dos genes correspondentes às proteínas ligantes, como as integrinas).
Estabelecimento de células filhas em outros locais do corpo e crescimento de massas neoplásicas nessas localizações- metastização.


Clínica (sinais e sintomas)
Inicialmente o cancro produz sintomas geralmente inespecificos ou até pode ser assimptomático. Sintomas como massa localizada, sangramento urinário, intestinal ou na
tosse são sugestivos. O cansaço e a falta de apetite são universais. Poderá haver ocasionalmente crescimento de massa interna com obstrução de canal natural, como por exemplo os tumores no pescoço que podem causar falta de ar ou dificuldade de deglutição.
Sintomas caracteristicos na fase avançada são os da
caquexia. Esta caracteriza-se por perda de peso rápida, anemia, cansaço crónico, falta de apetite e perda da massa muscular.
Em 10% dos doentes com cancro poderá também haver um
sindrome paraneoplásico com produção de hormonas havendo sintomas relativos ao excesso dessas hormonas (e.g. sindrome de Cushing ou hipercalcémia). É comum os tumores de células de glândulas produzirem hormonas, mas muitos tipos de cancros de células neoplásicas também podem produzi-las, como o carcinoma de células pequenas do pulmão.
No entanto em geral os cancros só podem ser diagnostidos de tumores benignos de forma definitiva após análise microscópica de tecido recolhido por
biópsia, pela anatomia patológica.
Anatomia patólogica


Adenocarcinoma do recto: células com vários tamanhos, cores e nucleos com formas e condensações atípicas
O aspecto microscópico das neoplasias malignas é variado. A maioria é pouco diferenciada, ao contrário da maioria dos tumores benignos, ou seja, as células neoplásicas mais malignas têm mais aspecto de células embrionárias sem diferenciação típica ou de diferenciação caótica do que do tecido ordenado de onde provêem (anaplásia). No entanto alguns tipos de cancro podem apresentar aspecto bem diferenciado, por vezes até funcional. Ultimamente a distinção entre neoplasia benigna e maligna só pode ser feita através da detecção de indicios de invasão de outros tecidos. Assim, um tumor que infiltre a sua
cápsula (por vezes colorida com tinta da china para mais fácil identificação) será maligno, assim como um tumor não encapsulado que se mistura livremente com o tecido normal. Invasão dos microvasos sanguineos e/ou linfáticos por células neoplásicas é considerado prova de invasão e caractér maligno do tumor.
Algumas caracteristicas gerais que distinguem células neoplásicas provavelmente malignas de células normais ou benignas:
pleomorfismo celular (várias formas de células no mesmo tecido); grandes núcleos relativamente ao citoplasma; núcleos com formas diversas; células gigantes com vários núcleos; núcleolos prominentes; mitoses em elevado numero; áreas de necrose e/ou apoptose extensas.
Um tumor epitelial ainda que não invasivo, que apresente várias destas caracteristicas é considerado maligno com elevada probabilidade de invasão subsequente se não for retirado -é um
carcinoma in situ.
As indicações da anatomia patológica baseiam-se, mais que em diagnósticos exactos definitivos, em probabilidades de prognóstico de acordo com as caracteristicas. Estas probabilidades foram determinadas em estudos exaustivos. É mais uma ciência empirica que conhecimento de causas profundas que correlacionem as caracteristicas ao prognóstico.


Tratamento do cancro
A dificuldade do tratamento do cancro consiste em fazer a distinção entre as células malignas e as células normais do corpo. Ambas são provenientes da mesma origem e são muito semelhantes, daí não haver reconhecimento significativo por parte do
sistema imunitário da ameaça. O tratamento da maioria dos cancros consiste na combinação de várias destas técnicas e não apenas em uma. Por exemplo, um tumor pode ser na sua maioria excisado cirurgicamente mas apenas após redução do tamanho com quimioterapia, que pode ser utilizada novamente após a cirurgia.


Cirurgia
Se a massa for bem delimitada e minimamente invasiva, a resecção
cirúrgica é possivel, mas já é impossivel se o tumor estiver espalhado por todo o corpo, ou em orgãos vitais que não podem ser cortados. Muitas vezes é dificil para o cirurgião determinar a margem em que acaba a neoplasia e começa o tecido normal, correndo o risco de cortar demasiado tecido normal e reduzir a probabilidade de sobrevivência do doente à operação, ou não retirar a massa cancerosa na totalidade, diminuindo a probabilidade de sobrevivência ao cancro. A cirurgia é então apenas usada no tratamento dos tumores que ainda estão delimitados, por resecção ou retirando o orgão completo (prostectomia no cancro da próstata, mastectomia no da mama). Contudo se o tumor invadir estruturas adjacentes que não podem ser resectadas (e.g. uma [[artéria importante) o tumor é irressectavel.
Quimioterapia
Baseia-se no facto de as células tumorais se dividirem muito mais rápido que as células normais. São injectados venenos no doente que interferem com a síntese do DNA e matam as células em divisão. Contudo há efeitos secundários importantes naquelas células normais de crescimento rápido, como a mucosa gastrointestinal (diarreia, naúseas, vómitos), foliculos pilosos (queda do cabelo) e outros.
Radioterapia
Também ataca células de crescimento rápido. As células tumorais, como têm défice de proteinas reparadoras do DNA, são mais vulneraveis a doses de radiação de alta energia (raios X e gama). As suas doses letais são mais baixas que as das células normais. No entanto além de efeitos secundários semelhantes aos da quimioterapia, há risco de desenvolvimento de novos tumores, apesar de relativamente pequeno.


Novas técnicas
Ultimamente têm sido desenvolvidos alguns
fármacos especificos que diminuem a actividade de algumas proteinas (traduzidas de oncogenes) cuja alta actividade é importante na proliferação de alguns tipos de cancro. A leucemia miéloide crónica é inclusivamente curavel através da administração desse novo tipo de fármacos. No futuro estes farmacos deverão ser mais relevantes.
A utilização de
toxinas acopladas a anticorpos especificos de proteinas membranares comuns na superficie das células do tumor mas não de células normais também tem tido algum sucesso.


Terapias alternativas
Terapias alternativas ou não-ocidentais são frequentemente escolhidas por muitos pacientes cujo prognóstico é sombrio e os custos elevados. No entanto não há prova alguma de que essas terapias melhorem o prognóstico. Apesar de também não serem geralmente nocivas, elas podem ser efectuadas por quem acreditar paralelamente ao tratamento convencional de opiaceos.
Se for escolha do paciente informado, e apesar de provavelmente não terem nenhum efeito directo, as terapias alternativas poderão ter um efeito
placebo, ou seja, o doente acredita que vai melhorar e está comprovado que pacientes mais optimistas e lutadores têm melhor curso da sua doença que os derrotistas. Substituir o tratamento convencional pelo alternativo seria no entanto altamente desaconselhavel, já que a medicina moderna já consegue melhorar o prognóstico e até curar muitas formas de cancro, e é impossivel dizer ao certo como reagirá um doente à terapia convencional.
Entretanto, devemos pensar sempre no paciente. Se a neoplasia maligna já foi tratada com cirurgia, quimioterapia e radioterapia e não mostrou melhoria , temos o dever como médicos de procurar novas estratégias. Muitos consideram a imunoterapia e a hipertermia como medidas complementares dignas de crédito. Existem muitos trabalhos científicos de bom nível que atestam a eficácia de tais estratégias. Por outro lado , muitas pessoas se curam de tumores usando a fitoterapia. Na verdade muitos medicamentos da medicina convencional foram sintetizados a partir de princípios ativos encontrados no reino vegetal e de uso empírico. O paciente têm o direito de escolha e o médico o dever de oferecer alternativas sérias, já estudadas e seguras


Nomenclatura
O termo neoplasia é
grego e refere-se a novo crescimento. Na literatura médica da Grécia antiga, encontram-se várias referências a tumores. Hipócrates, o pai da medicina, criou os termos karkinos (para as úlceras neoplásicas não-cicatrizante) e karkinõma (para os tumores malignos sólidos). Ambos os termos derivam do termo karkinos, que significa “caranguejo”. O termo “câncer” apareceu bem mais tarde, derivado da palavra latina cancrum, que também significa “caranguejo”. Não se conhece as razões pelas quais Hipócrates e seus seguidores escolheram o termo para descrever tumores malignos. Os vários tipos de neoplasia maligna são classificados de acordo com o tipo de célula de origem e a morfologia microscópica.
Tumores de células do
mesênquima são sarcomas, e tendem a metastizar pelo sangue: lipossarcoma (morfologia semelhante aos adipocitos); fibrossarcoma (semelhante a fibrocitos); rabdomiossarcoma(músculo esqueléctico), leiomiossarcoma (músculo liso).
Tumores de células epiteliais são
carcinomas: adenocarcinomas se têm morfologia glândular, carcinomas epidermóides (ou de células escamosas) se são constituidos de células semelhantes ás da pele, com queratina; carcinoma hepatocelular, carcinoma de células renais.
Linfomas e leucemias são tumores das células do sangue e linfa, as quais têm origem na medúla ossea. Se a maioria das células neoplásicas se concentra em orgãos linfoides são linfomas, se estão na medúla óssea são leucemias.
De células germinativas como
teratoma seminoma, e outros (ver tumores do ovário e tumores do testiculo.
De células neuroendócrinas: os tumores
carcinoides.
De células dos endotélios:
hemangiossarcomas (vasos sanguineos), linfangiossarcomas (vasos linfáticos), colangiossarcomas (vasos biliares)

Wikipedia











Exemplo de Mutação:

Sinostose Espondilocarpotársica

Juntamente com vinte e quatro cientistas, Carlos Eduardo Steiner iniciou um estudo do qual resultou a descoberta de quatro doenças genéticas (duas das quais são letais) no Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Segundo Steiner, a descoberta efectuada permitirá diagnosticar as doenças ainda durante a gestação através de exames ao DNA do feto.
O gene identificado está localizado no par de cromossomas três de um total de vinte e três pares que constituem o mapa genético humano. Sendo o gene responsável pela doença o produtor da proteína filamina B, uma das responsáveis pela formação do esqueleto no ser humano. A pesquisa revelou que se tratam de mutações estruturais ocorridas no par de cromossomas referido, causando a Sinostose Espondilocarpotársica, doença esta caracterizada pela fusão dos ossos da coluna, das mãos e dos pés, comprometendo o crescimento e conduzindo a compressão dos pulmões e a problemas respiratórios.

Esta doença é de herança autossómica recessiva, ou seja, pessoas com apenas uma cópia do gene podem transmiti-lo para outras gerações mas não desenvolvem a doença. A doença propriamente dita só ocorre nos indivíduos com duas cópias alteradas do gene. São conhecidos menos de quarenta casos em todo o mundo, sendo que Steiner levanta algumas objecções relativamente a alguns relatos. No entanto, a descoberta do gene causador da doença em questão permitirá que todas estas dúvidas sejam esclarecidas através de um exame diagnóstico ao DNA dos indivíduos em questão.
A pesquisa também revelou que o mesmo gene, quando alterado, causa outras três doenças diferentes, todas elas com acotimento do esqueleto, sendo uma delas a síndrome de Larsen que se caracteriza por luxações recorrentes nas articulações. As outras duas são a Atelosteogeneses tipo I e tipo III que causam malformações nos ossos, ambas são letais, provocando a morte ainda durante a gravidez ou logo após o nascimento. Esta pesquisa permitiu também concluir que as duas formas de Atelosteogeneses são causadas por mutações no mesmo gene e podem representar variações da mesma doença e não doenças distintas.
A diferença entre as três últimas doenças consideradas está presente nos tipos de mutações ocorridas. A Sinostose Espondilocarpotársica é determinada por uma alteração do tipo “stop” que interrompe de forma abrupta a leitura do gene. Já nos outros três casos, o gene sofre uma mutação de sentido trocado, ou seja, a alteração genica provoca uma leitura errada das partes do gene. Nestas três últimas doenças referidas, o gene muda na criança afectada, sendo este o primeiro caso na família, chama-se portanto mutação nova, que pode ter origem na predisposição genética do indivíduo ou em factores externos.
Toda a descoberta inerente a estas doenças partiu do estudo de uma família constituída, em parte, por dez irmãos, cinco dos quais sofrem de Sinostose Espondilocarpotársica. O facto de nos exames feitos por Steiner se verificarem alterações nas artérias do fundo do olho, levou-o a supor que as alterações oculares poderiam estar relacionadas com a doença.
Tratamentos ou mesmo a cura para estas doenças são desconhecidos, mas as descobertas efectuadas permitem a prevenção da nascença de um indivíduo mutante.