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Thursday, March 22, 2007



CANCRO




Câncer ou cancro, nomes comuns da neoplasia maligna, compreendem genericamente as doenças em que determinado grupo de células do corpo se divide de forma descontrolada, invadindo os tecidos adjacentes e/ou distantes. É causada por mutações no ADN, que podem ser hereditárias mas mais frequentemente são adquiridas ao longo da vida.

Fatores desencadeantes
Factores que aumentam o risco de cancro são vários e incluem a exposição excessiva à
radiação solar (cancros da pele), alguns vírus (cancro do pénis, colo do útero, alguns linfomas). No entanto as causas preveníveis mais importantes do cancro são o tabaco (cancros do pulmão, cancro da bexiga, tumor da laringe, tumores da cavidade oral) e o álcool (cancro do estômago e do pâncreas).
A alimentação com excesso de gordura também parece ser um factor de risco importante para muitos cancros.


Sintomas
O cancro pode ter diversos sintomas e por vezes é assimptomático até fase avançada. A perda de peso rápida com falta de apetite está muitas vezes associada à neoplasia maligna. O diagnóstico só pode ser comprovado pela análise de tecido recolhido em
biópsia pela anatomia patológica. Qualquer massa anormal, sangramento urinário, intestinal, ou na tosse é sugestiva e deverá ser examinada por um médico. Pessoas de idade avançada estão em maior risco e deverão ser examinadas regularmente.
Hoje em dia, 40% dos casos de cancro resultam em cura ou sobrevivência prolongada, contudo quase todos os casos de bom prognóstico continuam a ser os de detecção precoce. O cancro diagnosticado em fase avançada ainda resulta quase sempre na
morte do paciente, com poucas excepções.
O consumo de alcool e tabaco em simultaneo é um factor de risco muitissimo elevado em casos de carcinoma da cavidade oral, da laringe e do esofago.


Neoplasia e cancro
Os
tumores neoplásicos são qualquer massa de células que surge por divisão inapropriada de uma célula mãe original (multiplicação clonal), na qual a expressão dos genes que regulavam essa divisão estão alterados. Cancro é entendido como a grave situação patológica clínica que é gerada por uma neoplasia, a qual é classificada como maligna devido à situação clínica potencialmente fatal que origina.
O tumor maligno ou cancro distingue-se do tumor benigno principalmente porque o primeiro põe a vida do doente em risco mas o segundo geralmente não. A grande maioria dos tumores malignos é invasivo, e é a sua infiltração progressiva de estruturas adjacentes, ou distantes através de
metástases que cria disfunções nos orgãos invadidos e reacções imunitárias às lesões que levam à insuficiência ou má função de orgãos vitais e à morte. No entanto nem todos os cancros são invasivos. Alguns tumores são considerados malignos apesar de serem em tudo semelhantes aos benignos porque produzem graves danos pela produção de hormonas (e.g. feocromocitoma), enquanto outros comprimem orgãos devido às limitações ao seu crescimento como tumores do cérebro que não se podem expandir devido ao crânio e acabam comprimindo o cérebro, o que resulta em morte (devido a asfixia após disfunção do centro respiratório na maioria dos casos).
As neoplasias benignas em geral não se transformam em malignas, apesar de existirem numerosas excepções, e portanto podem ser mantidas no corpo do paciente, mas geralmente recomenda-se a retirada por motivos estéticos. No entanto em casos raros as neoplasias de comportamento benigno podem levar à morte, se o seu crescimento local, por azar, comprimir mecanicamente uma
artéria, veia ou nervo importante, por exemplo.
As células cancerosas podem ainda se soltar do tecido neoplásico original e, através da corrente sangüínea, linfática ou através de outros liquidos (
peritoneal, pleural) instalar-se em outros órgãos distantes da localização inicial, as metástases. A metastização constitui a fase do câncer cujo tratamento é mais difícil e quando é obtido menos sucesso na recuperação de pacientes. O paciente com câncer deve, sempre que possível, ser operado o mais rapidamente possível para a extração do tecido ou do órgão afetado, seguido de um tratamento de quimioterapia ou radioterapia.


Cancro como doença genética
O cancro é fundamentalmente uma doença genética. Em células normais, o crescimento celular é controlado por diversos factores, ou hormonas, libertadas por células adjacentes ou distantes. Deste modo um tecido consegue crescer ou atrofiar em resposta a demandas aumentadas ou diminuidas da sua função.
Há vários fatores que promovem o crescimento e multiplicação celulares, sistémicos como a
hormona do crescimento, hormonas da tiróide (t3/t4), insulina, e factores locais como citocinas.
A progressão do cancro não é mais que a inactivação de determinados genes e a hiperexpressão de outros, dando origem a células largamente independentes da regulação local e central do organismo, que se dividem sem inibição. Outras mutações noutros genes poderão então dar às células neoplásicas novas capacidades invasivas, já que todas as células do organismo possuem o
genoma completo e portanto a capacidade de produzir qualquer proteína, desde que os genes correspondentes sejam activados (neste caso por mutação). Assim, uma célula da cartilagem (condrócito) neoplásica pode sofrer mutação que lhe permite formar proteinas que provocam a formação de novos vasos sanguineos, apesar de este gene nunca ser expressado na célula normal.
Várias síndromes de cancro familiares são causados pelo facto de que nessas familias algum gene importante na progressão ou iniciação tumoral já estar mutado. Mais frequentemente estão mutados os genes de supressão tumoral (ver adiante) em que são necessários duas mutações em ambas as cópias (uma do pai, outra da mãe) para haver inactivação. Se o individuo herdar do pai uma cópia defeituosa, é muito mais fácil ocorrer apenas a mutação na cópia materna que nos dois
alelos.
Um dos factos mais intrigantes em
oncologia é a restrição de determinadas mutações a determinados tipos de cancro. Quase todos os cancros têm apenas uma, duas ou três vias de progressão com mutações de determinados genes, enquanto noutros orgãos a progressão se dá por mutações em genes diferentes. Este facto será talvez porque em determinados tecidos funcionam principalmente determinados oncogenes e genes supressores tumorais, e não outros, mas a causa exacta permanece obscura.
DNA e mutações
A atividade de cada
célula de ou tecido é dirigida pelo seu DNA. Ao longo da embriogénese, à medida que células cada vez mais diferenciadas se originam do zigoto, alguns genes tornam-se activos enquanto outros são silenciados, de acordo com a função final da célula. Mas cada célula mantém sempre uma cópia do genoma completo no seu núcleo. As cadeias de DNA são frágeis e facilmente são modificadas por químicos ou radiação. Existem contudo proteínas reparadoras de erros do DNA que reduzem a taxa de erros ou mutações a um mínimo. A maior quantidade de erros ocorre aquando da divisão celular, devido à necessidade de duplicar cada cromossoma, de modo a que cada célula filha tenha uma cópia. Continuam, contudo a ser feitos alguns erros, uma simples base movida já constitui uma mutação. Ao longo da vida milhões de células do nosso corpo sofrem pequenas mutações, essas células normalmente se autodestroem ordenados pela actividade de proteínas geradas a partir de genes anti-tumorais do DNA como por exemplo o p53.
Nenhuma célula se torna neoplásica apenas com uma mutação. Normalmente são necessárias várias para haver desregulação do ciclo celular e proliferação excessiva, e ainda mais outras para que haja invasão dos orgãos adjacentes ou distantes.
A mutação não-letal do DNA constitui a origem do cancro. Qualquer célula se for sujeita a lesões extensas no seu DNA morre, uma vez que genes fundamentais à sua sobrevivência serão lesados. As células estão mais vulneráveis às mutações aquando da divisão celular com duplicação do DNA. É esta a base da
radioterapia: se as células tumorais se dividem muito mais rápido serão mais vulneraveis à radiação letal. Contudo a radiação ou outros insultos em pequenas quantidades menos provavelmente danificarão genes fundamentais, mas com igual probabilidade afectarão genes que estejam envolvidos na regulação da proliferação celular.
O DNA é um polímero com quatro tipos diferentes de bases:
adenina, timina, guanina e citosina. A série de bases é traduzida em sequências proteicas de acordo com os tipos de bases (cada aminoácido corresponde a uma série de três bases). Diferentes sequências de aminoácidos com diferentes propriedades químicas leva a diferentes comportamentos das proteinas. A substituição ou eliminação de uma única base pode levar a proteinas diferentes, mais quantidade produzida de uma proteína ou silenciamento do gene.
Outros tipos de mutações são as quebras cromossómicas, que são reparadas por vezes com troca dos fragmentos quebrados em
cromossomas diferentes do habitual, com efeitos a nivel da expressão génica.
Existem várias proteínas que corrigem os erros no DNA. Se os genes destas proteinas sofrerem mutações, elas podem ser inutilizadas, ocorrendo maior taxa de mutações subsequente -fenomeno denominado instabilidade genética.
Causas das mutações
A mutação do DNA pode ser devida a vários factores:
Radiação: a radiação
UV provoca directamente danos do DNA, com formação de dímeros de bases. Estes são corrigidos sem problemas a maioria das vezes, mas podem ser reparados erroneamente com substituição por uma base diferente. A radiação de alta energia (raios gama, beta e alfa) também causam mutações. A origem mais significativa desta radiação não são as centrais ou acidentes nucleares, mas sim a radiação cósmica, particulas geradas em buracos negros ou supernovas que viajam milhares de anos-luz acabando por causar cancros nos seres-vivos da Terra.
Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos: os hidrocarbonetos como aqueles presentes em qualquer tipo de fumo (tabaco principalmente), causam mutações no DNA. São os mais potentes carcinogénios presentes em significativa concentração nos ambientes humanos.
Outros químicos: por exemplo
arilaminas (corante industrial) no cancro da bexiga, aflatoxina (toxina de fungo presente em alguma comida bolorenta) no carcinoma hepatocelular.
Irritação crónica: a irritação crónica com morte e divisão celulares constantes leva a maior taxa de mutações devido à maior probabilidade de erros no DNA quando da sua replicação durante a divisão celular. Por exemplo a
Hepatite crónica por alcoolismo, a pancreatite crónica por alcoolismo ou a cistite crónica por infecção.
Vírus: alguns vírus causam mutações no DNA ao inserirem o seu genoma no da célula de forma arbitrária, ou ao produzirem proteínas que estimulam a proliferação da célula a partir de oncogenes do genoma do próprio vírus. Alguns exemplos são o vírus Epstein-Barr, que causa a doença do beijo (alguns tipos de linfomas e carcinomas nasofaringeais), Papilomavirus, que causa a verruga e o condiloma acuminado (carcinomas do pénis e colo do útero), HTLV-1 (linfoma de células T), virús da Hepatite B e C (carcinoma hepatocelular), vírus do sarcoma de Kaposi (um vírus da familia do Herpes que causa cancro nos vasos de imunodeprimidos, em especial na SIDA/AIDS).
Bactérias: a infecção do estômago crónica com
Helicobacter pylori predispõe ao desenvolvimento de cancro do estômago e a linfomas associados à mucosa (MALTomas).
De uma forma ou de outra, o tumor é basicamente iniciado quando há um dano no
DNA, ou ADN (Portugal) causado por quaisquer dos fatores acima, e que não é reparado por sistemas de reparação de DNA existentes em todas as células, gerando uma mutação. Dependendo do local em que a mutação ocorre na molécula de DNA, este defeito pode causar um desequilíbrio no ciclo celular, desencadeando uma reprodução acelerada e descontrolada de células.
Genes tipicamente mutados no Cancro
Qualquer tumor é constituido pela progénie de uma única célula que acumulou mutações em genes suficientes para evadir os mecânismos anti-tumorais e para ganhar autonomia na replicação.
Existem basicamente quatro classes de genes importantes na patogenia do cancro:
Oncogenes: são genes que normalmente estão envolvidos na proliferação celular (quando são normais são proto-oncogenes). Se sofrerem mutações que aumentam a sua actividade transformam-se em oncogenes, e aumenta a proliferação celular. Assim por exemplo um receptor activado por uma hormona de crescimento é um protooncogene, mas se o gene desse receptor for mutado de modo a que o receptor passar a estar activado mesmo sem hormona ligada, é um oncogene e há proliferação independente da hormona. Normalmente basta uma destas mutações numa das duas cópias de cada gene em cada célula para ser eficaz -mecanismo dominante.
Alguns exemplos de oncogenes:
MYC: factor de transcrição nuclear pró-proliferativo. Mutação pode aumentar a expressão deste gene e a proliferação.
RET: receptor celular que pode sofrer mutação e tornar-se autonomo.
RAS (gene): proteína de transdução de sinal proliferativo que se pode tornar autonoma (produzindo continuamente sinal).
Gene de supressão tumoral: são genes que suprimem a proliferação caso detectem anormalidades celulares. São necessárias duas mutações que os inactivam, uma em cada cópia do gene, já que um gene é capaz de funcionar mesmo se o outro for inactivado -mecanismo recessivo.
Alguns exemplos:
Receptor do TGF-beta: receptor que inibe o crescimento celular em resposta à citocina TGF-beta.
RB: regula o ciclo celular.
NF1: inibição da trandução de sinal proliferativo pelas RAS.
APC: inibe a transdução do sinal proliferativo.
p53: inibe crescimento e multiplicação celular se detectar danos do DNA. Promove reparação dos danos e caso esta não seja possível, desencadeia a morte celular programada (apoptose).
p16: inibe multiplicação celular de modo relacionado com p53.
Genes que regulam a
apoptose: genes que promovam a apoptose podem sofrer mutações (em ambos os alelos) inactivantes; enquanto genes que inibem a apoptose podem sofrer mutações que os tornam hiperactivos.
Alguns exemplos:
p53: também pertence a esta classe porque promove a apoptose caso os danos do DNA sejam incorrigíveis.
BCL2: protege a célula da apoptose. Pode sofrer mutação inactivante.
BAX: promove a apoptose.
Genes da reparação do ADN: se estes genes estiverem inactivados, a taxa de mutações passa a ser muito maior, e portanto a probabilidade de haver mutações em outros genes das classes discutidas acima é maior -instabilidade genetica.
Epidemiologia
Factores de risco incluem geografia (mais cancro da pele em países tropicais que em nórdicos), etnia, hábitos alimentares, idade avançada e genes hereditários que causam predisposição para o cancro.
Em países desenvolvidos o cancro compete com as doenças cardiovasculares (principalmente
enfartes coronários e AVCs) enquanto causa de morte principal. Uma em cada quatro ou cinco pessoas morrerá de cancro nestes países.
(2000-2005) nos países do Europa e América do Norte.
Cancros mais frequentes no Homem: Carcinoma da Próstata (um terço dos casos), Pulmão (~15%), Cólon e Recto (~10%), Linfomas e leucemias não Hodgkins (~10%),Bexiga (5%),
Melanoma maligno (4%), Boca e faringe, Pancreas, Rim (cada um 2-3%), outros (~20%).
Cancros mais mortais no Homem -percentagem das mortes por cancro: Pulmão (~30%), Colon e Recto (~10%), Próstata (10%), Leucemias e Linfomas não Hodgkins (~10%), Pancrêas (5%), Bexiga, Figado, Rim, Esófago (cada um 2-3%), outros (~20%).
Cancros mais frequentes na Mulher: Mama (um terço), Pulmão (~10%), Cólon e Recto (~10%), Útero,
Tiroide, Pancrêas, (cada um 2-3%), outros (~20%)
Cancros mais mortais na Mulher: Pulmão (~25%), Mama (~15%), Cólon e Recto (~10%), Linfomas e leucemias não Hodgkins (~10%), Pancrêas (~5%), Ovário (~5%), Útero (~4%), outros (~25%).
Em Portugal os dados são semelhantes à excepção do cancro do estômago que é muito mais comum devido a maior prevalência de Helicobacter pylori e alcoolismo. No Brasil e na África as incidências são bastante diferentes.
Os cancros do Pulmão e da Bexiga são na sua maioria causados pelo Tabaco. Uma em oito mulheres terá cancro da Mama, no entanto a maioria dos casos é diagnosticada num estágio curável.


Progressão
Há várias etapas na progressão de um cancro invasivo a partir de uma célula normal, cada etapa correspondendo a novas mutações num subgrupo das células que partilham a mutação anterior:
Proliferação independente: uma célula ganha mecanismos internos de estimulação ao crescimento em vez de responder a hormonas externas (mutação num
oncogene, e.g. RAS). Esta célula multiplica-se.
Insensibilidade a factores inibitórios externos: uma célula das que tinham a mutação 1 sofre duas novas mutações (em ambas as cópias do gene) que a liberta de factores que inibem a proliferação, como productos de genes supressores tumorais. Esta célula multiplica-se ainda mais rapidamente.
Evasão de
apoptose: uma das células em 2 sofre mutações nos dois genes que levam grande número das suas células-irmãs não mutadas à apoptose (morte celular). Esta célula divide-se na mesma velocidade mas as suas células-filhas sobrevivem em muito maior numero.
Defeitos na Reparação do DNA: inactivados os genes de reparação de DNA numa célula das de 3. Esta célula divide-se à mesma velocidade mas as suas células filhas acumulam novas mutações muito mais rápido.
Proliferação Ilimitada: uma das células de 4 ganha capacidade de extender os seus
telómeros: a sua divisão é ainda mais rápida.
Angiogenese: uma célula de 5 ganha capacidade de secretar proteinas que chamam a criação de novos vasos sanguineos -menos necrose das suas células filhas devido á isquémia (falta de oxigénio) e novas vias de disseminação.
Abilidade de invasão e metastização: ganho de função de genes que degradam a
cápsula (colagenases entre outras enzimas), ganho de função de genes correspondentes a receptores membranares (silenciosos nas células normais progenitoras) que permitem a invasão dos vasos sanguineos ou linfáticos. Perda da adesividade das células umas às outras (inactivação dos genes correspondentes às proteínas ligantes, como as integrinas).
Estabelecimento de células filhas em outros locais do corpo e crescimento de massas neoplásicas nessas localizações- metastização.


Clínica (sinais e sintomas)
Inicialmente o cancro produz sintomas geralmente inespecificos ou até pode ser assimptomático. Sintomas como massa localizada, sangramento urinário, intestinal ou na
tosse são sugestivos. O cansaço e a falta de apetite são universais. Poderá haver ocasionalmente crescimento de massa interna com obstrução de canal natural, como por exemplo os tumores no pescoço que podem causar falta de ar ou dificuldade de deglutição.
Sintomas caracteristicos na fase avançada são os da
caquexia. Esta caracteriza-se por perda de peso rápida, anemia, cansaço crónico, falta de apetite e perda da massa muscular.
Em 10% dos doentes com cancro poderá também haver um
sindrome paraneoplásico com produção de hormonas havendo sintomas relativos ao excesso dessas hormonas (e.g. sindrome de Cushing ou hipercalcémia). É comum os tumores de células de glândulas produzirem hormonas, mas muitos tipos de cancros de células neoplásicas também podem produzi-las, como o carcinoma de células pequenas do pulmão.
No entanto em geral os cancros só podem ser diagnostidos de tumores benignos de forma definitiva após análise microscópica de tecido recolhido por
biópsia, pela anatomia patológica.
Anatomia patólogica


Adenocarcinoma do recto: células com vários tamanhos, cores e nucleos com formas e condensações atípicas
O aspecto microscópico das neoplasias malignas é variado. A maioria é pouco diferenciada, ao contrário da maioria dos tumores benignos, ou seja, as células neoplásicas mais malignas têm mais aspecto de células embrionárias sem diferenciação típica ou de diferenciação caótica do que do tecido ordenado de onde provêem (anaplásia). No entanto alguns tipos de cancro podem apresentar aspecto bem diferenciado, por vezes até funcional. Ultimamente a distinção entre neoplasia benigna e maligna só pode ser feita através da detecção de indicios de invasão de outros tecidos. Assim, um tumor que infiltre a sua
cápsula (por vezes colorida com tinta da china para mais fácil identificação) será maligno, assim como um tumor não encapsulado que se mistura livremente com o tecido normal. Invasão dos microvasos sanguineos e/ou linfáticos por células neoplásicas é considerado prova de invasão e caractér maligno do tumor.
Algumas caracteristicas gerais que distinguem células neoplásicas provavelmente malignas de células normais ou benignas:
pleomorfismo celular (várias formas de células no mesmo tecido); grandes núcleos relativamente ao citoplasma; núcleos com formas diversas; células gigantes com vários núcleos; núcleolos prominentes; mitoses em elevado numero; áreas de necrose e/ou apoptose extensas.
Um tumor epitelial ainda que não invasivo, que apresente várias destas caracteristicas é considerado maligno com elevada probabilidade de invasão subsequente se não for retirado -é um
carcinoma in situ.
As indicações da anatomia patológica baseiam-se, mais que em diagnósticos exactos definitivos, em probabilidades de prognóstico de acordo com as caracteristicas. Estas probabilidades foram determinadas em estudos exaustivos. É mais uma ciência empirica que conhecimento de causas profundas que correlacionem as caracteristicas ao prognóstico.


Tratamento do cancro
A dificuldade do tratamento do cancro consiste em fazer a distinção entre as células malignas e as células normais do corpo. Ambas são provenientes da mesma origem e são muito semelhantes, daí não haver reconhecimento significativo por parte do
sistema imunitário da ameaça. O tratamento da maioria dos cancros consiste na combinação de várias destas técnicas e não apenas em uma. Por exemplo, um tumor pode ser na sua maioria excisado cirurgicamente mas apenas após redução do tamanho com quimioterapia, que pode ser utilizada novamente após a cirurgia.


Cirurgia
Se a massa for bem delimitada e minimamente invasiva, a resecção
cirúrgica é possivel, mas já é impossivel se o tumor estiver espalhado por todo o corpo, ou em orgãos vitais que não podem ser cortados. Muitas vezes é dificil para o cirurgião determinar a margem em que acaba a neoplasia e começa o tecido normal, correndo o risco de cortar demasiado tecido normal e reduzir a probabilidade de sobrevivência do doente à operação, ou não retirar a massa cancerosa na totalidade, diminuindo a probabilidade de sobrevivência ao cancro. A cirurgia é então apenas usada no tratamento dos tumores que ainda estão delimitados, por resecção ou retirando o orgão completo (prostectomia no cancro da próstata, mastectomia no da mama). Contudo se o tumor invadir estruturas adjacentes que não podem ser resectadas (e.g. uma [[artéria importante) o tumor é irressectavel.
Quimioterapia
Baseia-se no facto de as células tumorais se dividirem muito mais rápido que as células normais. São injectados venenos no doente que interferem com a síntese do DNA e matam as células em divisão. Contudo há efeitos secundários importantes naquelas células normais de crescimento rápido, como a mucosa gastrointestinal (diarreia, naúseas, vómitos), foliculos pilosos (queda do cabelo) e outros.
Radioterapia
Também ataca células de crescimento rápido. As células tumorais, como têm défice de proteinas reparadoras do DNA, são mais vulneraveis a doses de radiação de alta energia (raios X e gama). As suas doses letais são mais baixas que as das células normais. No entanto além de efeitos secundários semelhantes aos da quimioterapia, há risco de desenvolvimento de novos tumores, apesar de relativamente pequeno.


Novas técnicas
Ultimamente têm sido desenvolvidos alguns
fármacos especificos que diminuem a actividade de algumas proteinas (traduzidas de oncogenes) cuja alta actividade é importante na proliferação de alguns tipos de cancro. A leucemia miéloide crónica é inclusivamente curavel através da administração desse novo tipo de fármacos. No futuro estes farmacos deverão ser mais relevantes.
A utilização de
toxinas acopladas a anticorpos especificos de proteinas membranares comuns na superficie das células do tumor mas não de células normais também tem tido algum sucesso.


Terapias alternativas
Terapias alternativas ou não-ocidentais são frequentemente escolhidas por muitos pacientes cujo prognóstico é sombrio e os custos elevados. No entanto não há prova alguma de que essas terapias melhorem o prognóstico. Apesar de também não serem geralmente nocivas, elas podem ser efectuadas por quem acreditar paralelamente ao tratamento convencional de opiaceos.
Se for escolha do paciente informado, e apesar de provavelmente não terem nenhum efeito directo, as terapias alternativas poderão ter um efeito
placebo, ou seja, o doente acredita que vai melhorar e está comprovado que pacientes mais optimistas e lutadores têm melhor curso da sua doença que os derrotistas. Substituir o tratamento convencional pelo alternativo seria no entanto altamente desaconselhavel, já que a medicina moderna já consegue melhorar o prognóstico e até curar muitas formas de cancro, e é impossivel dizer ao certo como reagirá um doente à terapia convencional.
Entretanto, devemos pensar sempre no paciente. Se a neoplasia maligna já foi tratada com cirurgia, quimioterapia e radioterapia e não mostrou melhoria , temos o dever como médicos de procurar novas estratégias. Muitos consideram a imunoterapia e a hipertermia como medidas complementares dignas de crédito. Existem muitos trabalhos científicos de bom nível que atestam a eficácia de tais estratégias. Por outro lado , muitas pessoas se curam de tumores usando a fitoterapia. Na verdade muitos medicamentos da medicina convencional foram sintetizados a partir de princípios ativos encontrados no reino vegetal e de uso empírico. O paciente têm o direito de escolha e o médico o dever de oferecer alternativas sérias, já estudadas e seguras


Nomenclatura
O termo neoplasia é
grego e refere-se a novo crescimento. Na literatura médica da Grécia antiga, encontram-se várias referências a tumores. Hipócrates, o pai da medicina, criou os termos karkinos (para as úlceras neoplásicas não-cicatrizante) e karkinõma (para os tumores malignos sólidos). Ambos os termos derivam do termo karkinos, que significa “caranguejo”. O termo “câncer” apareceu bem mais tarde, derivado da palavra latina cancrum, que também significa “caranguejo”. Não se conhece as razões pelas quais Hipócrates e seus seguidores escolheram o termo para descrever tumores malignos. Os vários tipos de neoplasia maligna são classificados de acordo com o tipo de célula de origem e a morfologia microscópica.
Tumores de células do
mesênquima são sarcomas, e tendem a metastizar pelo sangue: lipossarcoma (morfologia semelhante aos adipocitos); fibrossarcoma (semelhante a fibrocitos); rabdomiossarcoma(músculo esqueléctico), leiomiossarcoma (músculo liso).
Tumores de células epiteliais são
carcinomas: adenocarcinomas se têm morfologia glândular, carcinomas epidermóides (ou de células escamosas) se são constituidos de células semelhantes ás da pele, com queratina; carcinoma hepatocelular, carcinoma de células renais.
Linfomas e leucemias são tumores das células do sangue e linfa, as quais têm origem na medúla ossea. Se a maioria das células neoplásicas se concentra em orgãos linfoides são linfomas, se estão na medúla óssea são leucemias.
De células germinativas como
teratoma seminoma, e outros (ver tumores do ovário e tumores do testiculo.
De células neuroendócrinas: os tumores
carcinoides.
De células dos endotélios:
hemangiossarcomas (vasos sanguineos), linfangiossarcomas (vasos linfáticos), colangiossarcomas (vasos biliares)

Wikipedia











Exemplo de Mutação:

Sinostose Espondilocarpotársica

Juntamente com vinte e quatro cientistas, Carlos Eduardo Steiner iniciou um estudo do qual resultou a descoberta de quatro doenças genéticas (duas das quais são letais) no Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Segundo Steiner, a descoberta efectuada permitirá diagnosticar as doenças ainda durante a gestação através de exames ao DNA do feto.
O gene identificado está localizado no par de cromossomas três de um total de vinte e três pares que constituem o mapa genético humano. Sendo o gene responsável pela doença o produtor da proteína filamina B, uma das responsáveis pela formação do esqueleto no ser humano. A pesquisa revelou que se tratam de mutações estruturais ocorridas no par de cromossomas referido, causando a Sinostose Espondilocarpotársica, doença esta caracterizada pela fusão dos ossos da coluna, das mãos e dos pés, comprometendo o crescimento e conduzindo a compressão dos pulmões e a problemas respiratórios.

Esta doença é de herança autossómica recessiva, ou seja, pessoas com apenas uma cópia do gene podem transmiti-lo para outras gerações mas não desenvolvem a doença. A doença propriamente dita só ocorre nos indivíduos com duas cópias alteradas do gene. São conhecidos menos de quarenta casos em todo o mundo, sendo que Steiner levanta algumas objecções relativamente a alguns relatos. No entanto, a descoberta do gene causador da doença em questão permitirá que todas estas dúvidas sejam esclarecidas através de um exame diagnóstico ao DNA dos indivíduos em questão.
A pesquisa também revelou que o mesmo gene, quando alterado, causa outras três doenças diferentes, todas elas com acotimento do esqueleto, sendo uma delas a síndrome de Larsen que se caracteriza por luxações recorrentes nas articulações. As outras duas são a Atelosteogeneses tipo I e tipo III que causam malformações nos ossos, ambas são letais, provocando a morte ainda durante a gravidez ou logo após o nascimento. Esta pesquisa permitiu também concluir que as duas formas de Atelosteogeneses são causadas por mutações no mesmo gene e podem representar variações da mesma doença e não doenças distintas.
A diferença entre as três últimas doenças consideradas está presente nos tipos de mutações ocorridas. A Sinostose Espondilocarpotársica é determinada por uma alteração do tipo “stop” que interrompe de forma abrupta a leitura do gene. Já nos outros três casos, o gene sofre uma mutação de sentido trocado, ou seja, a alteração genica provoca uma leitura errada das partes do gene. Nestas três últimas doenças referidas, o gene muda na criança afectada, sendo este o primeiro caso na família, chama-se portanto mutação nova, que pode ter origem na predisposição genética do indivíduo ou em factores externos.
Toda a descoberta inerente a estas doenças partiu do estudo de uma família constituída, em parte, por dez irmãos, cinco dos quais sofrem de Sinostose Espondilocarpotársica. O facto de nos exames feitos por Steiner se verificarem alterações nas artérias do fundo do olho, levou-o a supor que as alterações oculares poderiam estar relacionadas com a doença.
Tratamentos ou mesmo a cura para estas doenças são desconhecidos, mas as descobertas efectuadas permitem a prevenção da nascença de um indivíduo mutante.

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